quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Espiritualidade

Liturgia da Palavra: “E lhe porá o nome de Emanuel – Deus está conosco”!
Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração
SÃO PAULO, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – IV do Advento (Ano A) Is 7, 10-14; Rm 1, 1-7; Mt 1, 18-24 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical, sempre às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT.  
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IV Domingo do Advento - A
Leituras: Is 7, 10-14; Rm 1, 1-7; Mt 1, 18-24 
A origem de Jesus Cristo foi assim” (Mt 1,18a).
É uma afirmação muito simples. Ou pelo menos tal parece à primeira vista. 
Parece que irá descrever em detalhes “como” aconteceu o nascimento de Jesus, registrando cuidadosamente o acontecimento. Porém, se ficarmos mais atentos ao texto, talvez descubramos algo mais profundo. O evangelista nos conduz gradativamente a uma aproximação não só das circunstâncias exteriores do nascimento de Jesus, ao “como”, mas sobretudo do descobrimento de seu “significado” teológico e existencial, seja para Israel, para a humanidade e para cada homem e mulher que ao longo do tempo receberão a “boa nova” (= evangelho, em grego) de tal evento. O que significa a origem de Jesus para nós, para mim, hoje?
A palavra “origem” (= gênesis, em grego) nos convida a contemplar o movimento da história de Deus com a humanidade desde os seus inícios (o livro do “Gênesis” é o primeiro livro da Escritura). A partir dessa contemplação, subimos até as misteriosas profundezas do coração de Deus, à fonte divina do amor do qual brotou seu plano para nos fazer partícipes, por graça, de sua própria vida.
A narração da origem/nascimento de Jesus, na visão teológica de Mateus, é o ponto final no qual desemboca a história da humanidade inteira. O nascimento de Jesus é apresentado como o cumprimento do plano que Deus traçara para a humanidade, plano que atinge seu ápice, mesmo através das vicissitudes complicadas das gerações, não raramente marcadas pelo pecado. Mas seu nascimento é também o início da etapa final desta mesma história, a sua plenitude na qual nós estamos vivendo por graça.
Mateus nos revela este sentido teológico e espiritual através da chamada “genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi e filho de Abraão” (Mt 1,1), colocada por ele no início do seu Evangelho como uma porta que nos introduz a seu sentido geral. O movimento da genealogia nos põe na grande aventura humana e, ao mesmo tempo, na trajetória de fé da Virgem Maria e de José seu esposo, ambos chamados a colaborar misteriosamente no cumprimento daquela história santa. É necessário olhar para a unidade entre a genealogia das gerações que precederam o nascimento de Jesus e este evento central de toda a história santa.  
A palavra de Deus deste quarto domingo de Advento projeta já uma grande luz sobre o mistério da Encarnação do Verbo de Deus e sobre sua perene atualidade para todos. A “carne” que o Verbo assume, fazendo sua casa no meio de nós, não é somente a carne biológica de Maria. É toda a realidade humana, cultural, espiritual dos antigos pais de Israel e da humanidade. Por isso a Igreja ao celebrar o Mistério Pascal de Jesus na liturgia dos domingos, nos propõe sempre juntas as leituras do Antigo e do Novo testamento. 
Nossa fé proclama e celebra no Natal o Verbo de Deus “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”.
Com a linguagem e a estrutura simbólica do texto da genealogia, o evangelista nos diz que a história de Israel e da humanidade é uma história complicada: ela está ferida pelo pecado e pelas infidelidades à aliança. Deus, porém, é fiel às promessas feitas aos patriarcas e aos profetas, em particular a Abraão e a Davi, no seu compromisso de conduzir todos à salvação através do Messias nascido da linhagem real do próprio Davi e da fé de Abraão, no qual todos os povos hão de receber a benção.
A longa fila dos antepassados de Jesus, aos quais ele está ligado através de José, parece quase nos dizer que o Verbo de Deus foi assumindo carne “aos poucos” ao longo da história de Israel e da humanidade, através de tantas pessoas e das suas complicadas vicissitudes. Mas “quando enfim chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial”(Gl 4,5). No Filho, pela fé e pelo batismo, todos recebem a mesma graça e dignidade de filhos e filhas do Pai, sem discriminação (Gl 3, 25-29).
A  “origem/nascimento” de Jesus Cristo está no centro da história: orienta a fase que a precede, assim como continua atuando no presente, ou melhor, até seu cumprimento escatológico, o qual, com toda a Igreja e a humanidade, ansiamos.
Contemplando com estupor o mistério de Jesus, com Paulo podemos afirmar: “tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste. É a cabeça da Igreja, que é o seu corpo” (Cl 1,16-18). Que grande luz a contemplação do mistério de Jesus projeta sobre nosso caminho, ao seu seguimento! Contemplar com fé o menino Jesus na pobreza de Belém ou na simplicidade dos nossos presépios, deveria suscitar sentimentos bem mais profundos e ricos do que uma carinhosa compaixão pela sua pobreza e humildade.
O encantamento frente à história de Deus conosco em Jesus - assim como diante dos acontecimentos às vezes complicados mas sempre surpreendentes da nossa vida, pessoal, familiar, eclesial - é a atitude e a experiência fundamental para encontrar e reconhecer o Senhor, que sempre está próximo. “Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de seu reino” (Prefácio do Advento I A). É a resposta mais apropriada à misteriosa iniciativa de Deus que nos precede, nos acompanha e nos chama para que nos tornemos seus parceiros, livres e obedientes, do seu grande designo de vida.
O famoso filósofo e místico judeu Abraham J. Heschel, um homem que conhecia profundamente a escritura e deixou um vivíssimo testemunho de autêntica experiência de Deus, escreveu: “Os profetas não falam tanto do interesse do homem por Deus, como do interesse de Deus pelo homem” (Deus em busca do homem, pg 517). Esta afirmação vale tanto pelo Antigo como para o Novo testamentoNossa procura de Deus, na realidade é uma tentativa para responder à sua procura por nós!
Esta é a história de Maria e de José que nos oferece Mateus no Evangelho de hoje. Um drama altamente humano e divino, no qual Deus se revela e atua mais uma vez de maneira surpreendente. A história simples de dois jovens israelitas da Galileia de dois mil anos atrás - que com o entusiasmo e as esperanças de todos os jovens noivos, têm já programado o próprio casamento e o próprio futuro - se torna de repente o lugar e o tempo onde irrompe o Deus dos antigos pais e dos profetas de Israel e que pretende realizar seu plano de encontro e salvação em favor de toda a humanidade. Deus chama este jovem casal a despojar-se do próprio presente e do próprio futuro, a dilatar ao infinito de Deus o próprio ninho de amor, e a tornar-se parceiros Dele por todos e em nome de todos. Mas é também a história de cada um e cada uma de nós. 
Mateus com muita discrição coloca Maria apenas no pano de fundo desta história humana e divina, lembrando que ela “ficou grávida pela ação do Espírito Santo, antes de viverem juntos” (1,18). Na lógica da narração de Mateus, no primeiro plano se destaca a pessoa de José, o descendente de Davi. Lucas, por outro lado, nos descreve o caminho interior através do qual Maria chega a se submeter com fé incondicionada ao anúncio inesperado do anjo sobre sua misteriosa maternidade do filho do Altíssimo e a entregar-se sem reserva ao Senhor: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1, 38). O caminho interior de José não pôde ser diferente, nem separado daquele de Maria. São chamados juntos a colaborar ao mesmo projeto de Deus, cada um na sua maneira, mas trilhando o mesmo caminho de fé.
José de verdade é homem de fé (“justo”), que procura entender e cumprir a vontade de Deus e agir segundo as prescrições da lei na sua relação com Maria, sua amada noiva. Ele também fica vivendo o drama de um acontecimento que não se deixa compreender na lógica das relações humanas (Mt 1, 19). Com a misteriosa intuição reveladora que na linguagem bíblica têm os sonhos (cf. Gen 28: o sonho de Jacó; Gen 40: os sonhos de José), uma luz que vem de Deus ao final fornece a José a chave para interpretar sua situação e aquela de Maria na perspectiva de Deus, e lhe dá a coragem para superar o medo do ignoto e aceitar a inimaginável tarefa de ser parceiro de Deus em prol do seu povo (Mt 1, 20-21).
A narração concisa do evangelista não pode esconder o trabalho interior sofrido, pelo qual José passou para chegar à inteligência iluminada pelo Espírito de Deus e que o fez se render. Ele vive uma experiência nova de Deus e acaba fazendo uma viagem de iniciação à nova presença dele que o guiará ao longo da sua vida junto com Maria e Jesus. Este caminho conhecerá momentos exaltantes da alegria que brota de Deus (cf. Lc 2,16-18) e momentos de inquietação (Lc 2,33; 48), de dificuldade a compreender o que está de verdade acontecendo no Filho amado, em Maria e nele mesmo (Lc 2,19). Junto com ela José deverá aprender mais de uma vez a guardar tais acontecimentos no coração, meditando sobre eles (Lc 2,19;51). É o caminho de todo discípulo do reino de Deus. É o caminho que permite a nós também, como dizia Santo Ambrósio, participarmos na geração do Verbo de Deus pela fé, como Maria, como José.
Ao contrário do rei Acaz (1ª leitura), José, junto com Maria, aceita entrar no jogo de Deus. Mesmo frente à desconfiança do rei, Deus não abandona seu povo e promete que ele mesmo fará nascer de uma jovem mulher o rebento real, através do qual ele mesmo salvará seu povo. O nascituro, fruto da promessa de Deus, vai receber um nome que no seu simbolismo exprime o compromisso de Deus e a sua ação libertadora. “Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel - Deus está conosco” (Is 7, 10-14).
Mateus destaca que a promessa de Deus tem seu cumprimento no nascimento de Jesus do seio de Maria, por obra do Espírito Santo (Mt 1,22-23). A tradição cristã, apoiando-se sobre uma tradução grega do texto hebraico, e sobretudo guiada pela luz da Páscoa, reconhecerá na virgem Maria o cumprimento da profecia sobre a jovem mulher de Is, 7,14. Desse modo se evidencia a unidade admirável da única história da salvação guiada por Deus, através da profecia do Antigo Testamento, do cumprimento na pessoa de Jesus e no Novo Testamento, da continuidade na vida da Igreja e de cada alma, até seu cumprimento definitivo na plenitude do reino de Deus no éscaton.  
Paulo na Carta aos Romanos (2 leitura), põe em evidência a consistência permanente desta trama divina da história, e como sua vocação e seu ministério apostólico estejam totalmente ao serviço do seu pleno desenvolvimento, a fim de que “trazidos à obediência da fé” pela pregação do Evangelho, todos os povos e as pessoas se tornem um canto de glória ao nome do Senhor.
Que cada um de nós, progredindo na conversão ao Senhor propiciada pelo Advento, possa chegar a cantar com verdade, junto com Maria e José, e acompanhados pelas vozes festivas da assembleia litúrgica do iminente Natal do Senhor: “O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!” (Sal. Responsorial).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Colônia de férias

Olá Irmãos salesianos, coordenadores, animadores,

Segue em anexo a RELAÇÃO COMPLETA dos vários locais e equipes das Colônias de Férias 2011!.

Todas as informações e orientações encontram-se no próprio subsídio ou no SITE: www.inspetoriasalesiana.com.br . Foi organizado um espaço especial para a Colônia de Férias 2011.

Lembramos aos diretores e coordenadores que as despesas de passagens das equipes dos formandos que irão apoiar a Colônia local é de responsabilidade da comunidade que acolhe.

Pedimos ainda que a partir do recebimento deste comunicado, o salesiano ou coordenador local, entre imediatamente em contato com os animadores inspetoriais e acertem todos os detalhes. Também os salesianos jovens entrem em contato com os vocacionados, aspirantes e pré-noviços e os orientem como chegarem aos vários destinos. Em geral, todos já foram devidamente orientados, porem, é bom  confirmarem novamente.

Durante os dias da Colônia de Férias, no momento da noite, sugerimos várias celebrações a serem vivenciadas com os jovens e as famílias. Este material também estará disponível no SITE.

Recordamos ainda que já se encontra na Casa Inspetorial a terceira e ultima edição 2011, da Revista subsídio Nordeste Jovem. É um excelente subsídio para presentear os animadores, adolescentes e jovens mais crescidos das Colônias de Férias. Aproveitem a ocasião da ordenação e peçam com antecedência a quantidade que sua casa irá precisar.


Abraços a todos e boa colônia de férias 2011.


Pe. Gilberto Antonio da Silva (Pastoral Juvenil)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Brasil: concurso para cartaz da Campanha da Fraternidade

Edição de 2012 discutirá saúde pública
BRASÍLIA, segunda-feira, 6 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) – A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou o concurso nacional para a criação do cartaz da Campanha da Fraternidade (CF) de 2012. O tema do evento será “Fraternidade e saúde pública”, e o lema, “Que a saúde se difunda sobre a terra!”.
De acordo com a CNBB, qualquer pessoa interessada está convidada a criar e enviar para a sede do organismo episcopal, em Brasília, seu trabalho gráfico. O prazo para envio dos cartazes vai até o dia 3 de junho de 2011.
Um júri irá escolher o melhor cartaz que será distribuído para todas as dioceses e paróquias do país

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Primeira Pregação do Advento

CIDADE DO VATICANO, domingo, 5 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos a primeira pregação do Advento pronunciada na última sexta-feira pelo Pe. Raniero Cantalamessa OFM cap, pregador da Casa Pontifícia, diante de Bento XVI e da cúria romana, sobre "A resposta cristã ao cientificismo ateu".
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Primeira Pregação do Advento
"Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos, vejo a lua e as estrelas que criaste: Que coisa é o homem?" (Sal 8, 4-5)
A resposta cristã ao cientificismo ateu
1. A tese do cientificismo ateu
As três meditações deste Advento 2010 querem ser uma pequena contribuição à necessidade da Igreja que levou o Santo Padre Bento XVI a instituir o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização e escolher este tema para a próxima Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos:  Nova evangelizatio ad cristianam fidem tradendam - A nova evangelização para a transmissão da fé cristã.
A intenção é identificar alguns "nós" ou obstáculos que fazem muitos países de antiga tradição cristã "refratários" à mensagem do Evangelho, como diz o Santo Padre no Motu Proprio com o qual estabeleceu o novo Conselho [1]. Os "nós" ou os desafios que eu pretendo levar em consideração e aos quais eu gostaria de tentar dar uma resposta de fé são o cientificismo, o secularismo e o racionalismo. O apóstolo Paulo classifica esses desafios como "as muralhas e fortalezas que se levantam contra o conhecimento de Deus" (cf. 2 Cor 10:4).
Nesta primeira meditação examinemos o cientificismo. Para compreender o que se entende com este termo podemos começar pela descrição feita por João Paulo II:
"Outro perigo a ser considerado é o cientificismo. Esta concepção filosófica recusa-se a admitir, como válidas, formas de conhecimento distintas daquelas que são próprias das ciências positivas, relegando para o âmbito da pura imaginação tanto o conhecimento religioso e teológico, como o saber ético e estético." [2].
Podemos resumir assim a tese principal desta corrente de pensamento:
Primeira tese. A ciência e, particularmente a cosmologia, a física e a biologia, são a única forma objetiva e séria de conhecimento da realidade. "As sociedades modernas, escreveu Monod, estão construídas sobre a ciência. Devem a ela sua riqueza, sua potência e a certeza de que a riqueza e o poder ainda serão maiores e mais acessíveis amanhã ao homem, se ele o quiser [...]. Equipadas com todo o poder, dotadas de toda riqueza que a ciência oferece, nossas sociedades ainda tentam viver e ensinar sistemas de valores, já prejudicados pela mesma ciência subjacente" [3].
Segunda tese. Esta forma de conhecimento é incompatível com a fé que se baseia em pressupostos que não são nem demonstráveis nem refutáveis
Nesta linha, o ateu militante R. Dawkins chega ao ponto de chamar de "analfabetos" os cientistas que se dizem crentes, esquecendo-se de tantos cientistas mais famosos do que ele que já se declararam e continuam declarando-se crentes.
Terceira tese. A ciência já demonstrou a falsidade ou, pelo menos, a inutilidade da hipótese de Deus. É a afirmação que recebeu ampla cobertura dos meios de comunicação do mundo meses atrás, à raiz de uma declaração do astrofísico inglês Stephen Hawking. Este, ao contrário do que já havia escrito anteriormente, sustenta em seu último livro The Grand Design, que o conhecimento advindo da física torna desnecessário acreditar numa divindade criadora do universo: "a criação espontânea é a razão pela qual as coisas existem".
Quarta tese. Quase a totalidade ou a grande maioria dos cientistas são ateus. Esta é a afirmação do ateísmo científico militante, que tem em Richard Dawkins, autor do livro God's Delusion (Deus, um delírio), seu mais ativo propagador.
Todos estes argumentos se revelam falsos, não do ponto de vista do raciocínio a priori ou da argumentação teológica e da fé, mas da própria análise dos resultados da ciência e das opiniões de vários cientistas ilustres do passado e do presente. Um cientista do calibre de Max Planck, o pai da física quântica, diz sobre a ciência aquilo que Agostinho, Tomás de Aquino, Pascal, Kierkegaard e outros já tinham afirmado sobre a razão: "A ciência leva a um ponto, além dele não pode mais dirigir" [4].
Não repetirei a refutação dos argumentos anunciados que já foi feita por cientistas e filósofos competentes. Cito, por exemplo, a crítica pontual de Roberto Timossi, no livro L'illusione dell'ateismo. Perché la scienza non nega Dio (A ilusão do ateísmo. Porque a ciência não nega Deus), que tem apresentação do cardeal Angelo Bagnasco (Edições São Paulo 2009). Limito-me a uma observação elementar. Na semana em que a mídia espalhou a declaração acima, de que a ciência tornou desnecessária a hipótese de um criador, eu me vi na necessidade, na  homilia de domingo, de explicar a cristãos muito simples de uma cidade de Reatino onde estava o erro fundamental de cientistas e ateus e  porque não deveriam ficar impressionados com a sensação despertada por essa declaração. Fiz isso com um exemplo que pode ser útil repetir aqui em um contexto tão diferente.
"Existem aves noturnas, como a coruja, cujos olhos são feitos para ver no escuro da noite, não de dia. A luz do sol cega. Estes pássaros sabem tudo e se movem com agilidade no mundo noturno, mas não são ninguém no mundo diurno. Vamos adotar, por um momento, o tipo de fábulas nas quais os animais falam uns com os outros. Suponha que uma águia faça amizade com uma família de corujas e converse com elas sobre o sol: como ele ilumina tudo, como, sem ele, tudo iria mergulhar no escuro e no frio, como seu próprio mundo noturno não existiria sem o sol. O que diria a coruja? "Você mente! Nunca vi o seu sol. Nos movemos muito bem e conseguimos alimento sem ele. Seu sol é uma hipótese inútil, não existe".
É exatamente isso que faz o cientista ateu quando diz: "Deus não existe". Julga um mundo que não conhece, aplica suas leis a um objeto que está fora do seu alcance. Para ver Deus é necessário olhar com uma perspectiva diferente, aventurar-se fora da noite. Neste sentido, ainda é válida a antiga afirmação do salmista: "Diz o insensato: Deus não existe".
2. Não ao cientificismo, sim à ciência
A rejeição do cientificismo não deve, naturalmente, levar à rejeição ou à desconfiança na ciência, assim como uma rejeição do racionalismo não nos leva a rejeitar a razão. Fazer o contrário seria um desserviço à fé, antes mesmo que à ciência. A história tem nos ensinado dolorosamente onde nos leva uma atitude como essa.
De uma atitude aberta e construtiva à ciência, nos deu um exemplo luminoso o novo beato John Henry Newman. Nove anos depois da publicação da obra de Darwin sobre a evolução das espécies, quando não poucas pessoas ao redor se mostravam turbadas e perplexas, ele assegurava, exprimindo um juízo que antecipava o juízo atual da Igreja sobre a não incompatibilidade da teoria com a fé católica. Vale a pena escutar novamente trechos centrais da sua carta ao canônico J. Walker, que ainda conservam grande parte de sua validade:
"Essa [a teoria de Darwin] não me assusta [...] Não me parece que se negue a criação pelo fato do Criador, milhões de anos atrás, ter imposto leis à matéria. Não negamos nem delimitamos o Criador por ter criado a ação autônoma que deu origem ao intelecto humano dotado quase de um talento criativo; menos ainda negamos ou delimitamos seu poder se acreditamos que Ele tenha assinado leis à matéria tais como plasmar e construir mediante a instrumentalidade cega através de eras inumeráveis o mundo como o vemos hoje [...]. A teoria do senhor Darwin não deve ser necessariamente ateia, que ela seja verdadeira ou não; pode simplesmente estar surgindo uma ideia mais alargada da Divina Presciência e Capacidade... À primeira vista, não vejo como a ‘evolução casual de seres orgânicos' seja incoerente com o plano divino - É casual para nós, não para Deus" [5].
Sua grande fé permitia que Newman visse com grande serenidade as descobertas científicas presentes ou futuras. "Quando uma enxurrada de fatos, reais ou presumidos, surge enquanto outros já se avizinham, todos os crentes, católicos ou não, se sentem chamados a examinar o significado destes fatos" [6]. Ele via nestas descobertas "uma conexão indireta com as opiniões religiosas". Um exemplo desta conexão, acredito eu, é o próprio fato de que, no mesmo ano em que Darwin elaborava a teoria da evolução das espécies, ele, independentemente, anunciava sua doutrina do "desenvolvimento da doutrina cristã". Referindo-se à analogia, neste ponto, entre a ordem natural e física e a moral, ele escreveu: "Como o Criador descansou no sétimo dia após o trabalho realizado e ainda hoje ele ‘continua agindo', assim ele comunicou de uma vez por todas o Credo no princípio e continua favorecendo seu desenvolvimento e garantindo seu crescimento" [7].
Da atitude nova e positiva da Igreja católica em relação à ciência é expressão concreta a Academia Pontifícia das Ciências, na qual cientistas eminentes de todo o mundo, crentes e não crentes, encontram-se para expor e debater suas ideias sobre problemas de interesse comum para a ciência e para a fé.
3. O homem para o universo ou o universo para o homem?
Mas, repito, não é minha intenção fazer aqui uma crítica geral do cientificismo. O que gostaria de destacar é um aspecto particular de algo que tem um impacto direto e decisivo sobre a evangelização: trata-se da posição que o homem ocupa na visão do cientificismo ateu.
Há agora uma corrida entre os cientistas não crentes, especialmente os biólogos e cosmólogos, que vai mais longe ao afirmar a total marginalização e insignificância do homem no universo e mesmo no grande mar da vida. "A antiga aliança é quebrada - Monod escreveu -; o homem finalmente se sabe sozinho na imensidão do Universo do qual emergiu por acaso. Seu dever, como seu destino, não está escrito em nenhum lugar" [8]. "Sempre pensei - afirma outro - ser insignificante. Conhecendo as dimensões do Universo não chego a compreender quanto o sou verdadeiramente... Somos somente um pouco de lama sobre um planeta que pertence ao sol" [9].
Blaise Pascal refutou de antemão esta tese com um argumento que ainda mantém seu vigor:
"O homem é apenas um caniço, o mais fraco da natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para o aniquilar: um vapor, uma gota de água, bastam para o matar. Mas quando o universo o aniquilasse, o homem seria ainda mais nobre do que o que o mata, porque sabe que morre, e a superioridade que o universo tem sobre ele; o universo não sabe nada disso." [10].
A visão cientificista da realidade, junto com o homem, retira subitamente do centro do universo inclusive Cristo. Ele é reduzido, por usar uma expressão de M. Blondel, a "um acidente histórico, isolado do cosmo como um episódio postiço, um intruso ou um perdido na imensidão hostil e esmagadora do Universo" [11].
Esta visão do homem começa a ter reflexos práticos na cultura e na mentalidade. Explicam-se assim certos excessos do ecologismo que tendem a equiparar os direitos dos animais e até das plantas aos direitos do homem. É sabido que existem animais mais bem cuidados e alimentados que milhões de crianças. A influência é sentida inclusive no campo religioso. Há formas difusas de religiosidade nas quais o contato e a sintonia com a energia do cosmo tomaram o lugar do contato com Deus como caminho de salvação. Aquilo que Paulo dizia de Deus: "Pois nele vivemos, nos movemos e existimos" (At. 17, 28), diz aqui do cosmo material.
De certa forma, trata-se do retorno à era pré-cristã como regime de vida: Deus - universo - homem, à qual a Bíblia e o Cristianismo opuseram o regime: Deus - homem - universo. Uma das acusações mais violentas que o pagão Celso faz aos judeus e cristãos é a de dizer que "há Deus e, logo depois dele, nós, desde que fomos criados por ele à sua semelhança; tudo nos é subordinado: a terra, a água, o ar, as estrelas, tudo existe por nós e está ordenado ao nosso serviço" [12].
Mas há ainda uma profunda diferença: no pensamento antigo, principalmente o grego, o homem, mesmo subordinado ao universo, possui uma ‘dignidade altíssima', como mostrou a obra magistral de Max Pohlenz, "O homem grego" [13]; aqui parece que há prazer em deprimir o homem e tirar dele qualquer pretensão de superioridade sobre o resto da natureza. Mais que "humanismo ateu", pelo menos a partir deste ponto de vista, deveríamos falar, no meu modo de ver, de anti-humanismo, ou mesmo "desumanismo ateu".
Chegamos agora à visão cristã. Celso não estava errado em derivá-la da grande afirmação do Gênesis 1, 26 sobre o homem criado "à imagem e semelhança de Deus [14]. A visão bíblica encontra sua mais esplêndida expressão no Salmo 8:
"Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos,
vejo a lua e as estrelas que criaste:
Que coisa é o homem, para dele te lembrares,
que é o ser humano, para o visitares?
No entanto o fizeste só um pouco menor que um deus,
de glória e de honra o coroaste.
Tu o colocaste à frente das obras de tuas mãos.
Tudo puseste sob os seus pés".
A criação do homem à imagem de Deus possui implicações de certa forma chocantes sobre o conceito de homem que o debate atual nos empurra a trazer à luz. Tudo se baseia na revelação da Trindade trazida por Cristo. O homem é criado à imagem de Deus, o que significa que ele compartilha a essência íntima de Deus que é a relação amorosa entre Pai, Filho e Espírito Santo. É claro que existe uma lacuna ontológica entre Deus e a criatura. No entanto, pela graça, (jamais esqueçam esta afirmação!) esta lacuna é preenchida, de modo que é menos profunda do que entre o homem e o resto da criação.
Somente o homem, de fato, como uma pessoa capaz de relacionar-se, participa da dimensão pessoal e relacional de Deus, é sua imagem. O que significa que, na sua essência, embora a um nível de criatura, é o que, no nível incriado, são o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em sua essência. A pessoa criada é "pessoa" propriamente por esse núcleo racional que a torna capaz de acolher o relacionamento que Deus quer estabelecer com ela e, ao mesmo tempo, torna-se um gerador de relações para os outros e o mundo.
4. A força da verdade
Vejamos como se poderia traduzir esta visão cristão da relação homem-universo no campo da evangelização. Primeiro, um prefácio. Resumindo o pensamento do mestre, um discípulo de Dionísio Areopagita enunciou esta grande verdade: "Não se deve refutar a opinião dos outros, nem se deve escrever contra uma opinião ou religião que não parece boa. Se deve escrever só a favor da verdade e não contra os outros" [15].
Não se pode absolutizar este princípio (às vezes pode ser útil e necessário refutar doutrinas falsas), mas é certo que a exposição positiva da verdade é, muitas vezes, mais eficaz que a refutação do erro contrário. É importante, creio, tomar em conta este critério na evangelização e especialmente no confronto com os três obstáculos mencionados anteriormente: cientificismo, secularismo e racionalismo. Na evangelização, é mais eficaz que a polêmica contra eles, a exposição pacífica da visão cristã, contando com a força inerente desta quando acompanhada de profunda convicção e feita, como incutia São Pedro, "com doçura e respeito" (1 Pe 3, 16).
A maior expressão da dignidade e da vocação do homem, segundo a visão cristã, foi cristalizada na doutrina da deificação do homem. Esta doutrina não teve tanta importância na Igreja Ortodoxa quanto na latina. Os Padres gregos, superando todos custos que o uso de pagão tinha acumulado sobre o conceito de deificação (theosis), fizeram dele o centro de sua espiritualidade. A teologia latina tem insistido menos sobre ela. "O propósito da vida para os cristãos gregos - lê-se  no Dictionnaire des Spiritualitè - é a divinização, o que para os cristãos do Ocidente é a aquisição da santidade... O Verbo se fez carne, de acordo com os gregos, para devolver ao homem semelhança de Deus perdida em Adão e para divinizá-lo. Para os latinos, ele se fez homem para redimir a humanidade... e para pagar a dívida com a justiça de Deus" [16]. Poderíamos dizer, simplificando ao máximo, que a teologia latina, depois de Agostinho, insiste sobre o que Cristo veio tirar - o pecado -, e a grega insiste mais sobre o que ele veio dar aos homens: a imagem de Deus, o Espírito Santo e a vida divina.
Não se deve forçar demais esta oposição, como às vezes tendem a fazer alguns autores ortodoxos. A espiritualidade latina, por vezes, expressa o mesmo ideal ainda que evite o termo divinização, que, é bom lembrar, é estranho à linguagem bíblica. Na liturgia das horas da noite de Natal, vamos ouvir a vibrante exortação de São Leão Magno, que expressa a mesma visão da vocação cristã: "Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro" [17].
Infelizmente, alguns autores ortodoxos mantiveram-se firmes à controvérsia do século XIV, entre Gregório Palamas e Barlaam, e parecem ignorar a rica tradição mística latina. A doutrina de São João da Cruz, por exemplo, de que os cristãos, redimidos por Cristo e tornados filhos no Filho, estão imersos no fluxo das operações trinitárias e participam da vida íntima de Deus não é menos elevada que a da divinização, ainda que se expresse em termos diferentes. Também a doutrina sobre os dons da inteligência e da sabedoria  do Espírito Santo, tão cara a São Boaventura e autores medievais, estava animada pelo mesma inspiração mística.
Não pode, contudo, deixar de reconhecer que a espiritualidade ortodoxa tem algo a ensinar sobre este ponto ao resto da cristandade, à teologia protestante ainda mais do que à teologia católica. Se existe realmente alguma coisa verdadeiramente oposta à visão ortodoxa do cristão deficado pela graça é a concepção protestante, particularmente a luterana, da justificação extrínseca e legal de que o homem redimido é, "ao mesmo tempo,  justo e pecador", pecador em si mesmo, justo diante de Deus.
Acima de tudo, podemos aprender com a tradição oriental a não reservar esse ideal sublime da vida cristã a uma elite espiritual chamada a percorrer os caminhos da mística, mas oferecê-lo a todos os batizados, torná-lo objeto de catequese para o povo, de formação religiosa nos seminários e noviciados. Se volto a pensar nos meus anos de formação, me lembro de ter visto uma ênfase quase exclusiva na ascese que centrava tudo na correção de vícios e na aquisição da virtude. Quando perguntado pelos discípulos sobre o objetivo final da vida cristã, um santo russo, São Serafim de Sarov, respondeu sem hesitação: "A verdadeira finalidade da vida cristã é a aquisição do Espírito Santo de Deus. Quanto à oração, o jejum, vigílias, esmolas e outras boas obras feitas em nome de Cristo, são apenas meios para adquirir o Espírito Santo" [18].
5. "Tudo foi feito por meio dele"
O Natal é a ocasião ideal para voltar a propor a nós mesmos e aos demais este ideal, patrimônio comum da cristandade. É da encarnação do Verbo que os Padres gregos derivam a própria possibilidade da divinização. São Atanásio não se cansa de repetir: "O Verbo se fez homem para que pudéssemos nos tornar Deus" [19]. "Ele se encarnou e o homem tornou-se Deus, porque se uniu a Deus", escreve por sua vez São Gregório Nazianzeno [20]. Com Cristo, é restaurado ou trazido à luz aquele ser "à imagem de Deus" que é a base da superioridade do homem sobre o restante da criação.
Dizia antes como a marginalização do homem traz consigo automaticamente a marginalização de Cristo do universo e da história. Ainda sobre este ponto de vista o Natal é a antítese mais radical da visão cientificista. Sobre isso, escutaremos proclamar solenemente: "Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito de tudo o que existe" (Jo. 1,3); "pois é nele que foram criadas todas as coisas, tudo foi criado através dele e para ele" (Col 1,16). A Igreja assumiu essa revelação e nos faz repetir no Credo: "Per quem omnia facta sunt": Por meio dele tudo foi criado.
Ouvindo estas palavras - enquanto todos à nossa volta que não fazem mais que repetir "O mundo se explica sozinho, sem necessidade da hipótese de um criador", ou "somos frutos do acaso e da necessidade" - se dá, sem dúvida, um choque, mas é mais fácil que se produza um conversão e floresça a fé depois de um choque como esse que com uma longa argumentação apologética. A questão crucial é: seremos capazes, nós que aspiramos reevangelizar o mundo, de expandir nossa fé a essa dimensão? Nós realmente acreditamos, de todo o coração, que "todas as coisas foram feitas por meio de Cristo e em vista de Cristo"?
Em seu livro Introdução ao Cristianismo, há muitos anos, Santo Padre, escreveu:
"A segunda parte principal do Credo coloca-nos propriamente diante do elemento cristão fundamental: a crença de que o homem Jesus, um indivíduo executado na Palestina pelo ano 30, é o ‘Cristo' (ungido, escolhido) de Deus, e mais: é o próprio Filho de Deus, centro e opção de toda a história humana... Contudo, o primeiro impacto desta realidade causa escândalo ao pensamento humano: Não nos tornamos com isto vítimas de um tremendo positivismo? Será razoável agarrar-nos à palhinha de um único acontecimento histórico? Poderemos ousar fundamentar a nossa existência inteira, e até a história toda, sobre o que não passa de pobre palha de um acontecimento qualquer a boiar no grande oceano da história?" [21].
Para estas questões, Santo Padre, nós vamos responder sem hesitar, como faz o senhor nesse livro e como não se cansa de repetir hoje, na sua qualidade de Sumo Pontífice: Sim, é possível, é libertador e alegre. Não por nossas orças, mas pelo dom inestimável da fé recebemos e pela qual damos graças infinitas a Deus.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Papa pede compreensão para pessoas sozinhas, idosas e doentes

Intenções de oração para o mês de dezembro
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 30 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Bento XVI pede orações para que se compreendam melhor as situações difíceis dos idosos e doentes, assim como das pessoas que estão sozinhas.
A proposta é feita nas intenções de oração para o mês de dezembro, contida na carta pontifícia confiada ao Apostolado da Oração, iniciativa seguida por cerca de 50 milhões de pessoas nos cinco continentes.
O Bispo de Roma apresenta duas intenções, uma geral e outra missionária.
A intenção geral do Apostolado da Oração do Papa para o mês de dezembro é: "Para que a experiência do sofrimento seja ocasião para compreender as situações difíceis e de dor em que vivem as pessoas sozinhas, os doentes e os idosos, e estimule todos a ir ao encontro deles com generosidade".
A intenção missionária é: "Para que os povos da Terra abram as portas a Cristo e ao seu Evangelho de paz, fraternidade e justiça".

Bento XVI anima a lutar pela proibição das armas nucleares

Ao receber o novo embaixador do Japão na Santa Sé
ROMA, terça-feira, 30 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – “Uma parte das somas dedicadas às armas poderia ser destinada a projetos de desenvolvimento econômico e social, à educação e à saúde”, afirmou o Papa ao receber em audiência, no sábado, o novo embaixador do Japão na Santa Sé, Hidekazu Yamaguchi. No início de seu discurso, o Papa quis recordar que este ano se celebra o 65º aniversário do trágico bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, ao final da Segunda Guerra Mundial.
“A recordação deste obscuro episódio da história da humanidade vai sendo cada vez mais dolorosa, à medida que morrem quantos foram testemunhas de tal horror – afirmou o pontífice –, sublinhando que esta tragédia nos recorda com insistência quão necessário é perseverar nos esforços a favor da não proliferação das armas nucleares e do desarme”.
A propósito disso – prosseguiu –, o Japão “deve ser citado como exemplo para o apoio constante à busca de soluções políticas que permitam não só impedir a proliferação das armas nucleares, mas também de evitar que a guerra seja considerada como um meio para resolver os conflitos entre as nações e entre os povos”.
Partilhando as preocupações do Japão sobre as armas nucleares, o Papa assegurou que “a Santa Sé anima todas as nações a instaurar pacientemente os vínculos econômicos e políticos da paz”.
Estes vínculos – afirmou – devem se “elevar como uma praça forte contra toda pretensão de recurso às armas, e permitam promover o desenvolvimento humano integral de todos os povos”.
“A arma nuclear continua sendo uma fonte de grande preocupação. Sua posse e o risco de um eventual uso geram tensões e desconfianças em numerosas regiões do mundo”, assegurou.
O Papa chamou também a atenção sobre a “instabilidade dos mercados e do emprego” ligada à crise econômica global, da qual não se salvou nenhum país, e por isso anima a usar o dinheiro das armas para outros fins.
Neste cenário – explicou –, “o lugar que o Japão ocupa na economia internacional continua sendo muito importante e, com motivo da crescente globalização do sistema comercial e dos movimentos de capitais, que é uma realidade, as decisões que seu governo tomar continuarão tendo repercussões muito além de suas fronteiras”.
Por isso, o pontífice aludiu ao financiamento assegurado por Tóquio aos países em vias de desenvolvimento, assegurando que representam algo essencial para obter a paz.
Por sua parte, o novo embaixador japonês dirigiu-se a Bento XVI reafirmando a vontade de seu país de “trabalhar com todas as forças pelo desarmamento total”.

domingo, 28 de novembro de 2010

Cidade do Vaticano, 28 nov (RV)

 Bento XVI presidiu na tarde de ontem, sábado, na Basílica de São Pedro, as Primeiras Vésperas do I Domingo do Advento.

As vésperas foram inseridas no âmbito da vigília pela vida do nascituro, na perspectiva do Tempo de Advento e do Natal que se aproxima. Várias paróquias, comunidades, movimentos e associações de todo o mundo aderiram ao convite do Papa de rezar pela vida nascente.

Em sua homilia, o Santo Padre exortou os protagonistas da política, da economia e da comunicação social a promoverem uma cultura de respeito pela vida, buscar condições favoráveis e redes de apoio ao acolhimento e desenvolvimento da vida. "A vida, uma vez concebida, deve ser protegida com o máximo cuidado" – frisou Bento XVI.

O Papa agradeceu a todas as pessoas que aderiram ao convite de celebrar uma vigília pela vida do nascituro. "O início do Ano Litúrgico nos faz viver novamente a espera do Deus que se fez homem no seio da Virgem Maria, o Deus que se fez pequeno, se tornou uma criança" disse ainda o pontífice.

Bento XVI ressaltou os problemas que afetam as crianças após o nascimento como abandono, fome, miséria, doença, abusos, violência e exploração. "As muitas violações dos direitos das crianças que se comentem no mundo ferem dolorosamente a consciência de toda pessoa de boa vontade" – frisou o Papa.
"Diante deste triste cenário de injustiças perpetradas contra a vida humana, antes e depois do nascimento, faço minhas as palavras do Papa João Paulo II em favor da responsabilidade de todos e de cada um: respeita, defende, ama e serve a vida, toda vida humana. Somente neste caminho encontrarás justiça, desenvolvimento, verdadeira liberdade, paz e felicidade" – disse Bento XVI.

A vigília pela vida do nascituro marcou também a conclusão do Congresso Internacional da Família promovido pelo Pontifício Conselho para a Família. Um encontro que abordou o tema da família como sujeito ativo na pastoral e no anúncio missionário e que contou com a participação e o testemunho de vida de muitas famílias. (MJ)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Igreja no Rio de Janeiro reza pelo fim da violência


Arcebispo preside vigília eucarística na noite deste sábado
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 26 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Diante do quadro de violência no Rio de Janeiro, a Igreja local, neste sábado, dia 27, vai apresentar a Deus seu clamor pela paz na cidade. Nos últimos seis dias, o Rio já soma 41 mortos [dado desta sexta-feira], no contexto de uma onda de ataques criminosos e a contrapartida da polícia e dos militares. 96 veículos foram queimados desde o domingo.
Segundo informa a arquidiocese do Rio, o arcebispo Dom Orani João Tempesta presidirá, das 22h até meia-noite, um momento de oração diante de Jesus Eucarístico.
A Rádio Catedral FM 106,7 transmitirá ao vivo esse tempo de intercessão, que reunirá todas as comunidades da arquidiocese junto de seu pastor para pedir a intervenção de Deus para que cesse a violência no Estado.

A intenção é reunir os fiéis pelas ondas da Rádio para que, em suas comunidades de origem – onde os sacerdotes encerrarão o encontro dando bênçãos com o Santíssimo Sacramento – ou mesmo em suas casas, todos façam das duas horas de oração um intenso momento de intercessão pelo Rio de Janeiro.
Em artigo divulgado à imprensa nesta sexta-feira, Dom Orani afirma que a arquidiocese do Rio “se une a todos os que passam pela tribulação e sofrem pelas atuais inseguranças e dificuldades”.

“Sabemos que é necessário buscar o desenvolvimento social, o equilíbrio cultural e fazer brotar valores dentro do coração humano. Sonhamos com um mundo novo e temos certeza de que, com a graça de Deus, poderemos ir construindo-o.”

Por isso – prossegue o arcebispo –, “é necessário, mais uma vez, falar de Paz”. “É preciso, mais uma vez, fazer nascer nos corações de todos os homens e mulheres de nossa querida cidade o anseio mais profundo de todos os seres humanos: Paz”.

“É preciso que se ouça novamente na terra o grito, o forte clamor aos homens de boa vontade”, afirma Dom Orani.

O arcebispo assinala que com o Advento, que se inicia agora “como tempo de esperança”, e prepara para a próxima celebração do Natal de Jesus, “vem-nos o forte clamor do senhor Deus pela voz do anjo que nos anuncia o nascimento do Príncipe da Paz”.

“Precisamos ser homens e mulheres de esperança, que acolhem a mensagem que nos chega da gruta de Belém: Deus ama todos os homens e mulheres da Terra e lhes dá a esperança de um tempo novo, um tempo de paz.”

“Acolhido no mais íntimo do coração, esse Amor, que nos reconcilia com Deus e com o próximo, faz nascer a Esperança da Paz. Ele torna também possível a reconciliação, para que a Igreja, como alma desta cidade, anuncie e testemunhe a alegre esperança de olhar para o futuro com confiança”, afirma Dom Orani.

O arcebispo roga a Deus que “ilumine a todos na busca da Paz para o nosso querido povo desta cidade maravilhosa, para que o seja ainda mais. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde e faça reinar a paz em nossas fronteiras”

I Domingo do Advento – Ano A

I Domingo do Advento – Ano A
Leituras: Is. 2,1-5; Rm 13, 11-14; Mt 24, 37 – 44Visualizar blog
“Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor!” (Is 2,5).
“Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo!” (Rm 13 14). 
“Ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt 24,42)

Três gritos de amor e de admoestação saídos do coração do Senhor e ecoados com paixão pela Igreja nossa Mãe. Estas admoestações são para chamar nossa atenção, muitas vezes tomada pela aparente normalidade dos acontecimentos, tal como ocorreu aos concidadãos de Noé; elas se colocam para despertar as consciências atordoadas e adormecidas pelas coisas passageiras e superficiais, para nos estimular a nos renovarmos radicalmente, assumindo sempre mais a maneira de sentir, julgar e atuar do próprio Jesus na sua relação filial com o Pai e para conosco. Revestir-se de Cristo, segundo a eficaz expressão do Apóstolo, indica o processo da nossa progressiva identificação interior com Ele. Este processo, iniciado no batismo, quando nos foi entregue o símbolo da veste branca, vai se desenvolvendo até culminar na entrada, com o próprio Cristo, na festa do reino de Deus (Ap 7,9).
Os últimos domingos do ano litúrgico – que acabou de chegar à sua conclusão com a grande celebração do Senhor Jesus, Rei e juiz do universo – alimentaram a nossa esperança mostrando que para o Senhor está orientada não somente a grande história da família humana e da criação, mas também o caminho pessoal cotidiano de cada um, vivenciado na fé como seu discípulo e discípula.
A palavra deste primeiro domingo nos diz que o nosso “hoje” é também o “hoje” de Deus, aberto por ele em vista do futuro de novas possibilidades de vida e de relações: “Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemos nos guiar pela luz do Senhor”. Nele também o mundo do homem e da mulher de hoje se torna a casa onde pessoas, povos, raças e religiões diferentes podem encontrar novamente o lugar da recíproca reconciliação e acolhida. Nele nossa vida de cada dia se torna a porta na qual ele fica batendo, para ser reconhecido, acolhido e assim partilhar com ele a mesa da amizade e da intimidade (Ap 3,20). Casa do homem e de Deus. É preciso estar atentos! Qualquer situação e momento pode ser a ocasião certa e a situação oportuna para receber sua visita, ouvir sua palavra, gozar da sua presença íntima e transformadora.
“Agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé”. O caminho da fé é um processo dinâmico, sempre mais abrangente e capaz de unificar nossa existência pela forca interior do mesmo Espírito do Senhor. É uma verdadeira passagem das trevas do pecado e da preguiça espiritual para a luz e a fecundidade de uma vida nova. “A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz”.
O ano litúrgico, com sua constante referência à páscoa do Senhor, e através da linguagem própria de cada uma das suas etapas, alimenta a vida espiritual da Igreja e de cada cristão. É a partir desta intrínseca relação com o Cristo morto e ressuscitado através do ano litúrgico que devem encontrar a própria orientação e o próprio sentido toda iniciativa pastoral e toda forma de piedade comunitária e pessoal, como ensina o Concílio Vaticano II (SC 12,13,105) e como destaca o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica recém publicada Verbum Domini - A Palavra do Senhor (n.52).
O Advento marca o início do novo Ano litúrgico. Mas este inicia a partir das alturas onde chegou o fim do precedente: o cumprimento de toda história da salvação e a glória do Senhor. Com o primeiro domingo, iniciamos um novo caminho de louvor e de agradecimento ao Pai, por Jesus Cristo morto e ressuscitado, fonte inesgotável de vida nova no Espírito Santo. Um caminho de profunda renovação, quase de novo nascimento pela força do Espírito, até chegar à maturidade da vida espiritual de homens e mulheres tornados adultos em Cristo.
Este dom do amor gratuito e salvador de Deus, que costumamos chamar com a venerável tradição cristã de “Mistério Pascal”, constitui o centro irradiante da história da salvação e por isso também do ano litúrgico, continuando a alimentar de domingo a domingo a vida da Igreja e a marcar o caminho de constante renovação de cada fiel. Assim a liturgia, através da íntima união entre a Palavra e a Eucaristia, como afirma a constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II, “é a primeira e necessária fonte da qual os fiéis atingem o espírito verdadeiramente cristão” (SC 14). É o dom que a Igreja pede ao Pai na oração depois da comunhão deste primeiro domingo de Advento: “A participação nos vossos mistérios nos ajude a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”. É o que destaca também o Papa na sua exortação apostólica: “A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura, como esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério eucarístico” (Verbum Domini. 55).
Talvez alguém, ao ouvir a palavra “Advento”, pense imediatamente no curto espaço de tempo que nos prepara ao Natal de Jesus. Idéia talvez reforçada pela vista dos arranjos natalinos que já enfeitam as lojas e as ruas das cidades ou os primeiros presépios que iniciam a ser montados com carinho nas famílias. Mas o Advento na linguagem litúrgica e na experiência da Igreja é bem mais rico de sentido espiritual e existencial. A palavra Advento provém do latim adventus, que significava a “vinda” e a visita” de uma autoridade, como o rei ou o imperador, a uma cidade a quem “manifestava” assim sua atenção e sua benevolência para com o povo.
Transferida pela comunidade cristã do âmbito social ao religioso próprio, a palavra Advento veio a indicar antes de tudo a vinda gloriosa do Senhor no fim dos tempos, vinda que esperamos com fé, como Salvador. Em segundo lugar indica a vinda/revelação do Senhor na humildade da encarnação através da qual ele manifesta o amor do Pai, e esta por sua vez se torna fundamento inabalável da sua presença fiel e carinhosa na nossa vida de cada dia até o fim dos tempos, como Jesus prometeu aos discípulos. A liturgia da Palavra dos dois primeiros domingos do Advento destaca a promessa da vinda gloriosa do Senhor e a esperança ativa com que a Igreja espera essa vinda; enquanto o terceiro e o quarto domingo nos preparam para celebrar no Natal, com alegria e agradecimento, o evento central e fundador da nossa fé: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). “Que alegria, quando me disseram: vamos à casa do Senhor!” (Sal. Resp.)
A abertura para com as visitas e surpresas de Deus, o desejo apaixonado da sua amizade e intimidade, o sentido da necessidade que o Senhor entre na nossa vida e a dirija, são as atitudes fundamentais a serem cultivadas neste tempo de Advento. São as condições para acolher o Senhor que vem, celebrar dignamente a memória da sua encarnação, reconhecê-lo nas suas visitas misteriosas nos acontecimentos da vida e caminhar com renovada esperança ao encontro da sua vinda gloriosa.
Seremos guiados pelos profetas que anunciaram a vinda do Messias do Senhor e sustentaram a fé de Israel, e de maneira especial acompanhados pelo profeta Isaías, cujos textos são lidos com abundância nas liturgias eucarísticas e na Liturgia das Horas deste tempo. Solicitados pela palavra forte de João Batista, estaremos na doce companhia de Maria, que guarda com fé no seu coração toda Palavra de Deus e acontecimento (cf Lc 2,19). Chegaremos então, através de sua graça, a gerar também em nós o Verbo de Deus: “Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste. Felizes sois também vós, que ouvistes e acreditastes, pois toda alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra de Deus e conhece suas obras” (Santo Ambrósio).
É fácil constatar que estas atitudes interiores – e modalidades de ser e de atuar – que constituem o cerne da espiritualidade do Advento, formam verdadeiramente o âmago de toda espiritualidade cristã e a energia profunda do Espírito que anima a missão e o testemunho da Igreja e de cada cristão e cristã no mundo rumo ao cumprimento do reino de Deus. O Advento nos ajuda a redescobrir estas atitudes e a guardá-las. O Advento não é somente um tempo do ano litúrgico: é uma dimensão constitutiva da identidade cristã.
Dom Emanuele Bargellini

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

200 milhões de cristãos são perseguidos no mundo

Apresentado o Relatório sobre a Liberdade Religiosa da AIS

MADRI, quarta-feira, 24 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – O Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2010, que a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresenta bianualmente, revela que o número de cristãos perseguidos é de 200 milhões. Outros 150 milhões são descriminados por sua religião.

O relatório indica que na Europa os católicos não são perseguidos, mas sofrem bullying. A versão espanhola do relatório da organização católica foi apresentada ontem em Madri.

Desde o relatório anterior a situação não melhorou, de acordo com AIS, organização que ajuda cristãos em todo o mundo em projetos de apoio às igrejas locais como bolsas para sacerdotes, construção de igrejas, tradução de livros, etc.

A organização indica que a crescente tendência à perseguição e discriminação por motivos religiosos deve-se tanto à radicalização do mundo islâmico quanto à chamada “cristianofobia” e à facilidade com que se ridiculariza a Igreja em alguns países desenvolvidos.

Na apresentação do relatório, Javier Menéndez Ros, diretor da AIS na Espanha, e o missionário salesiano no Paquistão Miguel Ángel Ruiz, citaram o que Bento XVI disse na véspera da beatificação do cardeal John Newman: “No tempo de hoje, o preço a pagar pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado ou esquartejado, mas sim frequentemente significa ser excluído, ridicularizado, objeto de piada”.

A fé cristã é a mais difundida e também a mais perseguida. Como explicou Javier Menéndez, o número total é similar ao do relatório de dois anos atrás, ainda que os pesquisadores que participaram este ano do trabalho asseguram que a situação piorou para os cristãos.

O relatório analisa 194 países, com problemas em cerca de noventa, entre eles vários dos países mais populosos do mundo: China, Índia, Indonésia, Rússia e Paquistão. A piora da situação, segundo salienta Menéndez, deve-se especialmente a uma maior radicalização no âmbito muçulmano, com maior fanatismo, intolerâncias e abusos a praticantes de outras religiões.

Os países onde se produzem as maiores violações à liberdade religiosa são Arábia Saudita, Bangladesh, Egito, Índia, China, Uzbequistão, Eritreia, Nigéria, Vietnã, Iêmen e Coreia do Norte.

Menéndez salientou que “onde não existe liberdade religiosa não existe a liberdade democrática”, e sublinhou “a obrigação de qualquer ser humano de respeitar o direito ao culto, a evangelizar e a viver de acordo com sua fé”. No Egito, vige uma lei de liberdade religiosa, mas os cristãos sofrem discriminações e ataques, permitidos, segundo AIS, pelo governo de Hosni Mubarak.

O missionário salesiano Miguel Ángel Ruiz descreveu a situação no Paquistão. Ele explica que o terrorismo islâmico não afeta somente os cristãos, mas “todos que não pensam como os fundamentalistas”. “Se o terrorismo se centrasse somente nos cristãos, estaríamos muito pior agora”, afirmou.

Padre Ruiz considera que a perseguição só não é mais acirrada porque os meios de comunicação dão muita atenção aos ataques.

Em sua opinião, tanto Estados Unidos como Europa têm falhado muito: “Se a Europa, e especialmente a Espanha, não desperta, continuamos mal”, disse

Adveniat visita obras ligadas aos Salesianos Cooperadores de Pernambuco

No Curado


No feriado de 15\11 recebemos visita da Alemanha: Thomas Milz e Jürgen Escher,  os quais vieram acompanhados  por Ir.Toni  e pelos  Salesianos   Cooperadores  Írio  Continho  e  Geovana, do Centro Sagrado Coração- Recife. A visita teve como objetivo conhecer o trabalho realizado pelos SSCC e a realidade  das crianças atendidas na casa. Por ser  feriado e não estava programado para abrir o Oratório neste dia, a recepção foi feita  por apenas 30 crianças e adolescentes  juntamente com  quatro SSCC , dois aspirantes  e um  vocacionado. Foi uma tarde maravilhosa, muita  alegria , pois as crianças adoram receber visitas, sentem-se amados.
Os visitantes fizeram entrevistas, tiraram  muitas fotos, lancharam com as crianças, conheceram a casa e a realidade , visitaram  uma família  de crianças assistidas na casa  e  não mais, por falta de tempo, pois a tarde passou rapidamente.
Thatiane Alves, SSCC

* Além do Curado, os alemães visitaram ainda a Escola Dom Bosco (Recife) e Caetés (Abreu e Lima)

**  A Adveniat – organização filantrópica da Igreja Católica alemã. A entidade  financia projetos de cunho social no Brasil e em outros países da América Latina e Caribe.

A voz sincera de um papa frente a um mundo em transformação. BENTO XVI

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 23 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - O livro-entrevista "Luz do mundo", apresentado hoje no Vaticano, recolhe respostas francas de Bento XVI ao jornalista Peter Seewald sobre o Papa, a Igreja e os sinais dos tempos.
Apresentamos algumas das frases mais destacadas do livro.
* * *
Surpresa diante da sua eleição
"O fato de ver-me de repente diante dessa tarefa tão grande foi, como todos sabem, um choque para mim. A responsabilidade é realmente gigantesca."
Renúncia ao papado
"Se o papa chega a reconhecer com clareza que física, psíquica e mentalmente já não pode continuar seu ofício, tem o direito e, em certas circunstâncias, também o dever de renunciar."
Crise dos abusos
"Tudo isso foi para nós um choque e eu continuo me comovendo hoje assim como ontem, até no mais profundo."
Soluções para os abusos
"O importante é, em primeiro lugar, cuidar das vítimas e fazer todo o possível para ajudá-las e para estar ao seu lado com a vontade de contribuir para sua cura; em segundo lugar, evitar o máximo possível estes atos, por meio de uma seleção correta dos candidatos ao sacerdócio; e, em terceiro lugar, que os autores dos atos sejam castigados e excluídos de toda possibilidade de reincidir."
Enfrentar os abusos
"O que nunca deve acontecer é tentar escapar e pretender fingir não ter visto, deixando, assim, que os autores dos crimes continuem cometendo suas ações. Portanto, é necessária a vigilância da Igreja, o castigo para quem faltou e sobretudo a exclusão de todo acesso posterior às crianças."
Situação atual da Igreja
"A Igreja vive. Contemplada somente a partir da Europa, parece que se encontra em decadência. Mas esta é só uma parte do conjunto. Em outros continentes, ela cresce e vive, está repleta de dinamismo (...). Se a Igreja deixasse de estar presente, significaria um colapso de espaços vitais inteiros."
Relativismo
"Ninguém discutirá sobre o fato de que é preciso ser cuidadoso e cauteloso ao reivindicar a verdade. Mas descartá-la, sem mais nem menos, como inalcançável, exerce diretamente uma ação destrutiva."
Ecumenismo
"O mundo precisa de um potencial de testemunho a favor do Deus uno que nos fala em Cristo."
Diálogo inter-religioso
"Temos uma mensagem ética que dá orientação aos homens. E transmitir essa mensagem juntos é de suma importância na crise dos povos."
Islã
"Eu o reconheço como uma grande realidade religiosa com a qual devemos estar em diálogo."
Sexualidade
"O importante é que o homem é alma em corpo, que ele é ele mesmo enquanto corpo e que, por isso, é possível conceber o corpo de forma positiva e a sexualidade como um dom positivo. Através dela, o homem participa da condição criadora de Deus. Encontrar esta concepção positiva e cuidar desse tesouro que nos foi dado é uma grande tarefa."
Preservativos
"É óbvio que ela [a Igreja] não os vê como uma solução real e moral. Não obstante, em um ou outro caso, podem ser, na intenção de reduzir o perigo de contágio, um primeiro passo no caminho rumo a uma sexualidade vivida de forma diferente, rumo a uma sexualidade mais humana."
Pio XII
"Foi um dos grandes justos, que salvou muitos judeus, a tantos como nenhum outro."
Indissolubilidade do matrimônio
"Nós não podemos manipular essa palavra. Devemos deixá-la assim, ainda quando contradiga as formas de vida hoje dominantes."
Eucaristia
"Se é verdade - como acreditamos - que na Eucaristia Cristo está realmente presente, este é o acontecimento central, nem mais nem menos."
Celibato
"É sempre, por assim dizer, um ataque ao que o homem pensa normalmente, algo que só é realizável e crível se Deus existe."
Homossexualidade
"Se alguém tem inclinações homossexuais profundamente arraigadas - não se sabe até agora se são realmente inatas ou se surgem na primeira infância - e, em qualquer caso, se elas têm poder nessa pessoa, tais inclinações são para ela uma grande provação."
Ecologia
"Que o homem está ameaçado, que ameaça a si mesmo e ameaça o mundo, torna-se visível hoje por meio das provas científicas. Só poderá ser salvo se no seu coração crescerem as forças morais, forças que só podem vir do encontro com Deus."

A ORAÇÃO DE UM PAPA (ZENIT)

Como um papa reza?
O relato detalhado das suas experiências mais humanas como pontífice é uma das novidades do livro, fruto da terceira sessão de conversas concedidas ao jornalista alemão Peter Seewald, depois das duas anteriores, antes de ser eleito Papa, que foram traduzidas nos livros "O sal da terra" e "Deus e o mundo".
Bento XVI explica em primeira pessoa, por exemplo, como é sua relação pessoal com Deus. "A oração e o contato com Deus são agora mais necessários e também mais naturais e evidentes que antes", reconhece, e assegura que, em meio à sua intensa atividade, "acontece, sem dúvida, a experiência e a graça de estado".
"Também eu sou um simples mendigo frente a Deus, e mais que todas as demais pessoas - revela. É claro que rezo sempre em primeiríssimo lugar ao nosso Senhor, com quem tenho uma relação de tantos anos. Mas também invoco o Espírito Santo."
"Entro na comunhão dos santos - acrescenta. Com eles, fortalecido por eles, falo então também com Deus, sobretudo mendigando, mas também agradecendo ou simplesmente com alegria."
Sobre sua eleição como sucessor de João Paulo II, recorda: "Eu tinha certeza de que esse ministério não era o meu destino e que, depois de anos de grande esforço, Deus ia me conceder algo de paz e tranquilidade".
"Nesse momento, só pude dizer para mim mesmo e deixar claro: ao parecer, a vontade de Deus é outra, e começa algo totalmente diferente, novo para mim. Ele estará comigo", explica com humildade.
Bento XVI constata que a responsabilidade de um papa "é realmente gigantesca". Reconhece que percebe que suas forças vão decaindo, que "tudo isso exige demais de uma pessoa de 83 anos", mas destaca que, "graças a Deus, há muitos bons colaboradores".
Ao mesmo tempo, é consciente de que, para responder a todos os requerimentos, "é preciso ater-se com disciplina ao ritmo do dia e saber quando é preciso ter energia".
Em sua vida cotidiana, Bento XVI não pratica esportes; acompanha diariamente as notícias e às vezes também assiste a algum DVD com seus secretários. "Gostamos de ver Don Camillo e Peppone", explica. Também revela que, nos dias festivos, escutam música e batem papo.
Afirma não ter medo de um atentado e reconhece: "Poucas são as pessoas que têm tantos encontros, como eu. Sobretudo, são importantes para mim os encontros com os bispos do mundo inteiro".
Diz sentir-se reconfortado com as muitas cartas que recebe de pessoas simples que o incentivam, assim como presentes e visitas. "Sinto também o consolo 'do alto'; experimento a proximidade do Senhor na oração; e na leitura dos Padres da Igreja, vejo o esplendor da beleza da fé".
Com relação ao seu predecessor, Bento XVI afirma que se sabe "realmente um devedor seu que, com sua modesta figura, procura continuar o que João Paulo II fez como gigante. (...) Junto aos grandes, tem que haver também pequenos papas que ofereçam o pouco que têm", indica.
Renúncia ao papado
Nas conversas com Seewald, que aconteceram em Castel Gandolfo durante 6 dias do último mês de julho - uma hora por dia -, Bento XVI não fechou a porta à possibilidade de renúncia ao papado.
"É possível renunciar em um momento sereno, ou quando já não se é capaz - disse. Se o papa chega a reconhecer com clareza que física, psíquica e mentalmente já não pode suportar o peso do seu ofício, tem o direito e, em certas circunstâncias, também o dever de renunciar."
Dos seus 5 anos de pontificado, destaca as viagens a diversos países, a celebração do Ano Paulino, do Ano Sacerdotal e os dois sínodos, sobretudo o da Palavra de Deus.
"Por outro lado, estão esses grandes períodos de escândalo e as feridas na Igreja", indica, mas afirma que elas "têm para nós uma força purificadora e, no final, podem ser elementos positivos".
Com transparência, o Papa também reconhece estar decepcionado com algumas realidades: "Decepcionado sobretudo por existir no mundo ocidental esse desgosto com a Igreja, pelo fato do secularismo continuar tornando-se autônomo, pelo desenvolvimento de formas nas quais os homens são afastados cada vez mais da fé, pela tendência geral da nossa época de continuar sendo oposta à Igreja"

O PAPA VISITA A ESPANHA

Espanha: visita do Papa é líder de audiência nas emissoras públicas
MADRI, terça-feira, 9 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Somente na emissora de televisão pública espanhola, quase 12,4 milhões de espectadores viram, em algum momento, a visita de Bento XVI a Santiago de Compostela e Barcelona, de acordo com a Rádio e Televisão Espanhola (TVE).
Na rede pública galega, a audiência acumulada chegou a mais de 1 milhão de pessoas e na rede catalã, a mais de um milhão e seiscentas mil.
Durante o fim de semana, TVE emitiu um total de 2 horas de informação exclusiva sobre a visita papal às duas cidades espanholas.
A Missa do domingo na Igreja da Sagrada Família, em Barcelona, foi vista por 931.000 espectadores. A do sábado, em Santiago de Compostela, por 593.000 espectadores.
As emissoras encarregadas de gerar o sinal das imagens oficiais da visita do Papa Bento XVI a Santiago e Barcelona foram precisamente as locais Televisão da Galícia e da Catalunha. As imagens foram repassadas a mais de mil redes de televisão em todo o mundo.
Para isso, destinaram recursos humanos e técnicos extraordinários. A TV da Galícia utilizou 60 câmeras para cobrir todo o percurso papal desde o aeroporto até o centro da cidade, além das celebrações na catedral, a Missa na Plaza del Obradoiro e a volta ao aeroporto.
Foram mais de 500 profissionais, entre técnicos e jornalistas, trabalhando na cobertura da visita pela emissora galega.
A TV3, da Catalunha, informou que também utilizou 60 câmeras dotadas de tecnologia de última geração, além de um helicóptero. Os espectadores puderam assistir imagens captadas em equipamentos 3D, câmeras "aranha" que passeavam pela parte superior da catedral e numerosas microcâmeras que não perdiam nenhum movimento do Pontífice nem os detalhes da celebração.
De acordo com a Conferência Episcopal Espanhola, mais de 150 milhões de pessoas ao redor do mundo puderam acompanhar a visita do Papa, incluindo os internautas, que puderam acompanhar a transmissão ao vivo.

O PAPA FALA SOBRE A FAMÍLIA

Educação e família
Por outro lado, o Papa referiu-se ao plano pastoral dos bispos italianos dedicado a como enfrentar a “emergência educativa”.
A atual crise que o homem contemporâneo atravessa, assinala Bento XVI, é na realidade uma “crise de confiança na vida” e influencia “de forma relevante no processo educativo, no qual as referências seguras se fazem fugazes”.
Indicadores desta crise são, afirma, o “eclipse do sentido de Deus e o ofuscamento da dimensão da interioridade, a formação incerta da identidade pessoal no contexto plural e fragmentado, as dificuldades do diálogo entre gerações, a separação entre inteligência e afetividade”.
O homem contemporâneo “investiu muitas energias no desenvolvimento da ciência e da técnica”, mas este progresso “aconteceu frequentemente às custas dos fundamentos do cristianismo, nos quais se enraíza a história fecunda do continente europeu”.
“A esfera moral foi confinada ao âmbito subjetivo e Deus, quando não é negado, é contudo excluído da consciência pública”.
Perante isso, é necessária “uma relação pessoal de fidelidade entre sujeitos ativos, protagonistas da relação, capazes de tomar partido e pôr em jogo sua própria liberdade”.
Esta nova visão deve necessariamente “partir de uma nova proximidade à família, que reconheça e apoie sua primazia educativa: é dentro dela onde se molda o rosto de um povo”.

Chegou edição Boletim Salesiano nov/dez 2010

Prezados conselheiros e colaboradores do Boletim Salesiano,

Começa a chegar a todas as escolas, obras e paróquias salesianas do Brasil mais uma edição do Boletim Salesiano.

Neste número de novembro/dezembro de 2010, o artigo principal trata do Natal e de sua preparação, o tempo do Advento.

Outra matéria de destaque é a reportagem sobre os jovens missionários salesianos que se preparam para um período de um ano de voluntariado em Angola.

O BS traz ainda um artigo sobre a Geração Internet, uma matéria sobre o Encontro Nacional de Congregações que trabalham com as Juventudes e uma entrevista sobre os dez anos da TV Educar, emissora educativa dirigida pelos Salesianos.

Desejamos a todos uma boa leitura e pedimos que, na medida do possível, nos ajudem a divulgar o Boletim Salesiano em cada inspetoria.

Aproveitamos a oportunidade para reafirmar que o Boletim Salesiano está aberto a sugestões de matérias e temas que possam ser tratados pela revista em 2011. Contamos com a sua colaboração para fazer do Boletim Salesiano, cada vez mais, um órgão de formação e informação da Família Salesiana no Brasil.

Atenciosamente,
--

Ana Cosenza
Editora do Boletim Salesiano
Para acessar o Boletim Salesiano: http://www.boletimsalesiano.org.br/

Boletim FS de novembro 2010

 


Já está disponível o Boletim do Mês de novembro, é só clicar na figura acima e fazer e visualizá-lo e/ ou fazer o download (850k).

domingo, 24 de outubro de 2010

. " O SUCESSO É CONSEQÜÊNCIA."

Espíritos Evoluídos
Nas olimpíadas especiais de Seattle, nove participantes,
todos com deficiência mental,alinharam- se para a largada da corrida dos
100 metros rasos.
Ao sinal, todos partiram, não em disparada, mas com vontade
de
dar o melhor de si,terminar a corrida e ganhar.
Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar.
Os outros oito ouviram o choro.
Diminuíram o passo e olharam para trás. Então viraram e voltaram...

Todos voltaram!
Uma das meninas com Síndrome de Down ajoelhou, deu um beijo no garoto e
disse:
- Pronto, agora vai sarar!
E todos os noves competidores deram os braços e andaram juntos até a
linha de chegada.
O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos...
Talvez os atletas fossem deficientes mentais...
Mas com certeza, não eram deficientes espirituais. ..

"Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta
vida,
mais do que ganhar sozinho é ajudar os outros a vencer,
mesmo que isso signifique ter que diminuir os nossos passos..."

Procure ser uma pessoa de valor, em vez de procurar ser uma pessoa de
sucesso"...

..... " O SUCESSO É CONSEQÜÊNCIA."
(Albert Einstein)

MISSÃO E FAMÍLIA SALESIANA

MISSÃO E FAMÍLIA SALESIANA

Pe. Antenor de Andrade Silva, sdb.

  1. Missão em geral e na Família salesiana.
  2.  A missão salesiana na Igreja.
  3. A atividade missionária da Família Salesiana na Igreja.
  4. A Família Salesiana e sua dimensão missionária.
  5. Missão ad gentes e Vida consagrada.

  1.  Missão:
a)       em geral.
b)       na F. Salesiana.

a). O verbete missão em Aurélio, entre outras acepções, significa encargo, incumbência, envio, dever a cumprir.
Missionário era aquele que propagava a fé, que instruía em matéria religiosa. O Grande missionário de todos os tempos foi o Filho de Deus que recebeu o encargo do Pai de trazer à humanidade a doutrina da Boa Nova do Evangelho. Aparecendo aos Onze, após a ressurreição, o Senhor ordenava-lhes: ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura (Mc. 16,15). E em Mateus: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide pois e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 19 s). Em outro lugar dirá, passando sua missão aos discípulos: assim como o Pai me enviou, eu também vos envio a vós.
No decorrer do século XX o termo latino missio (missão) teve uso muito freqüente em amplos setores da teologia cristã.
b). Na época de D. Bosco e até não muito longe de nós, a palavra missão ou missões mesmo entre os Salesianos, significava a obra evangelizadora dos povos que ainda não conheciam o Evangelho, missão entre os pagãos, missão no meio daqueles que ainda não faziam parte da Igreja Católica.
Roma enviava seus missionários para os paises e Continentes, a fim de evangelizarem os gentios ou os pobres selvagens. Assim eram chamados pelos europeus os habitantes da América.
Os SDB realizaram seu Capitulo Geral Especial em 1971-1972, época em que fizeram a reforma das Constituições. Até então falava-se simplesmente de missões estrangeiras.
Eis senão quando as coisas tomam outro aspecto. O entendimento oficial dos SDB e das FMA a respeito de missão passa a ser considerado de um modo bem mais diferenciado, repensado e re-elaborado, segundo as exigências do Vat. II (1962-1965):

«A missão dá a toda a nossa existência o seu tom concreto, especifica a tarefa que temos na Igreja e determina o lugar que ocupamos entre as famílias religiosas»[1].

As Constituições renovadas das Filhas de Maria Auxiliadora no Art. 1º afirmam que o Instituto: «participa na Igreja da missão salvífica de Cristo, realizando o projeto de educação cristã próprio do Sistema Preventivo».
O Vat. II usa constantemente as palavras: missão da Igreja. Na Gaudium et Spes: «a Igreja em virtude de sua missão divina prega o Evangelho e concede os tesouros da graça a todos os povos»[2].
A missão de anunciar o Reino de Cristo, confiada aos Apóstolos, foi também confiada a cada batizado. Este mandato está cima de todo particularismo, de qualquer raça ou nação. Trata-se de algo espiritual, apolítico, superando qualquer perspectiva econômica ou social.
Os documentos: Lumen Gentium (Constituição dogmática sobre a Igreja), Gaudium et Spes (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje), Apostolicam Auctuositatem (Decreto sobre o apostolado dos leigos), Ad Gentes (Decreto sobre a atividade missionária da Igreja), Presbyterorum Ordinis (sobre o ministério e vida dos presbíteros) insistem em apresentar a missão recebida pela Igreja e pelos cristãos como algo de natureza religiosa e humana. Por um lado busca a salvação integral do homem, tanto em termos espirituais como temporais. Por outro, se interessa pela construção de um mundo melhor baseado na verdade e na justiça[3].
A Missão e as missões da Família Salesiana seguem naturalmente a orientação descrita no Vat. II.

  1. A Missão salesiana na Igreja.

O Capítulo Geral Especial dos SDB (Roma, 1971) quando resolveu introduzir o termo missão, como parte da descrição da «identidade» salesiana procurou cuidadosamente justificar seu uso[4].  Após explicar, em cinco números, sua intenção definiu de um modo geral a missão salesiana.

 «Falar da “missão dos Salesianos” significa então evidenciar desde o início o sentido da própria vocação e da própria presença na Igreja. Deus os “chama” e os “envia” para prestar um serviço específico na Igreja: cooperar diretamente com a salvação integral dos jovens, sobretudo pobres»[5].                                                                                                

No mesmo texto o Capítulo tece algumas considerações no sentido de que a nossa missão não se destina apenas aos jovens, mas também aos adultos.[6]
Não é fácil estabelecer de modo exato o objeto e o conteúdo da missão salesiana, observa Pe. Francis Desramaut. Para as Constituições renovadas certas orientações de D. Bosco, afirma o pesquisador francês, impedem delinear os confins bem definidos da missão salesiana, quer se trate dos destinatários, que se trate de seus métodos.
Não se discute sobre os destinatários primordiais que são os jovens especialmente os mais pobres. O espírito é o mesmo apresentado por D. Bosco no seu opúsculo, escrito em 1877, sobre o Sistema Preventivo na educação da juventude.
A única missão que existe é a da Igreja, por conseguinte a missão da F. Salesiana deve ser a mesma da Igreja.

«Formamos um só corpo com um só fim e com a mesma missão. Deus nos chama na Igreja, através da Igreja, com a Igreja para salvar a humanidade. Participamos então da única missão da Igreja. Na Igreja há uma só missão e muitos ministérios, muitas vocações; daí uma só missão com funções especializadas»[7].

As funções de cada grupo da Família salesiana emergem da missão particular de cada uma dessas entidades. Encontram-se descritas nas Constituições renovadas dos SDB; das FMA; das Voluntárias de D. Bosco e no Regulamento de Vida Apostólica dos Salesianos Cooperadores.
No excelente trabalho do Pe. F. Desramaut encontramos alguns artigos basilares sobre a «missão».[8]
·        SDB Nas Constituições de 1984: «os Salesianos formamos uma comunidade de batizados que, dóceis à voz do Espírito intentam realizar numa forma específica de vida religiosa o projeto apostólico do fundador: ser na Igreja sinais e  portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres. No cumprimento desta missão, encontramos o caminho da nossa santificação»[9].
·        FMA – Um dos assuntos desenvolvidos pelo Capítulo Geral XVII das FMA (1982)  tem como título: «Enviadas para as jovens no Espírito do “Da mihi animas”»[10].
Notar a palavra enviadas, ou seja, aquelas que receberam uma missão.
                           
 A nossa missão

 «nasce da iniciativa do Pai que nos chama a participar, na Igreja, - como comunidade apostólica salesiana – do ministério profético, sacerdotal e real de Cristo, com o testemunho, o anúncio da Palavra e a celebração da salvação. Supõe o dom da “predileção” pelas jovens e nos empenha a sermos para elas, na escola de Maria, sinal e mediação da caridade de Cristo Bom Pastor, através de projeto cristão de educação integral no estilo do Sistema Preventivo»[11].

·        Voluntárias - «As Voluntárias são cristãs que, chamadas a seguir a Cristo mais de perto, procuram viver em profunda harmonia consagração, secularidade e salesianidade»[12], desenvolvendo sua missão na Igreja e no mundo.
·         SS CCD. Bosco os convidou para «cooperar na sua missão de salvação dos jovens, sobretudo os pobres e abandonados»[13].

«Colaboram ativamente na sua missão em nome da Igreja, unidos à Congregação Salesiana, sob a autoridade do Reitor-Mor, como Sucessor de D. Bosco, em espírito de fidelidade aos Pastores e em colaboração com as outras forças eclesiais[14].

·        ADMA – Na  F. Salesiana os associados da procuram «sublinhar e difundir a devoção popular mariana, como instrumento de evangelização e de promoção das classes sociais menos favorecidas e da juventude carente»[15].
·        EX ALUNOSFazem parte da F. Salesiana pela formação recebida nas Obras salesianas. Gozam de inúmeras possibilidades de viverem no século o «bom cristão e o honesto cidadão». Podem ser grandes apóstolos na formação de «um mundo novo».
Os dois primeiros artigos do Capítulo I do Regulamento Reformado dos Ex-alunos/as de D. Bosco tratam da identidade e missão da Associação. O Regulamento  atual, foi ratificado em 12 de abril de 2008 pela Junta Confederativa dos Ex-alunos/as Mundiais de D. Bosco.

  • Identidade – O artigo 1º descreve muito claramente a posição dos antigos alunos/as quanto à identidade de ambos na missão conjunta com a Família Salesiana.

«Ex-alunos e Ex-alunas de D. Bosco são aqueles que, por terem freqüentado um Oratório, uma Escola ou qualquer outra obra salesiana, receberam uma preparação para a vida segundo os princípios do Sistema Preventivo de D. Bosco. A educação recebida que conserva os vínculos de filiação e gratidão a D. Bosco que leva o Ex-aluno a participar da missão salesiana no mundo, manifesta-se assumindo, segundo as próprias possibilidades e sua situação específica de leigos, responsabilidade de efetiva colaboração para realizar as finalidades próprias do projeto educativo salesiano»( Regulamento. Art. 1º ).

O segundo indica a posição e atuação deste grupo que ocupou os pátios das Obras de D. Bosco.
  • Missão – Estes colaboradores da missão salesiana formam um exército numeroso que pode atuar com conhecimento um Sistema que viveram durante os tempos de internos ou externos nos Colégios da Congregação.

«O Ex-aluno/a conserva e aprofunda os princípios educativos recebidos, para traduzi-los em autênticos empenhos de vida mediante a caridade fraterna e a mútua assistência. Para tal finalidade o Ex-alunos/a, pessoalmente ou em grupo, faz própria a Carta de Comunhão e a Carta da Missão da F. Salesiana, considerando fundamental a complementaridade com os diversos ramos da F. Salesiana para conseguir os seus objetivos. Além disso, eles/as empenham-se seriamente em:
a)      Renovar propósitos e dar testemunho da vida cristã permanecendo fiel ao espírito de D. Bosco;
b)      Participar com uma presença concreta, às finalidades evangelizadoras da Igreja;
c)      Enfrentar os problemas das realidades temporais, colocando à disposição os valores humanos e cristãos do quais, como leigos/as, têm direta experiência no âmbito familiar, profissional e social;
d)      Estimular e valorizar o espírito ecumênico entre os cristãos;
e)      Solicitar das outras religiões a abertura ao diálogo».(Regulamento. Art. 2º ).
.
Carta de Comunhão.
Este documento de 1995, quando fala da sobre a Missão juvenil e popular da F. Salesiana tem uma afirmação muito sucinta e clara:

 «Os discípulos de D. Bosco fazem experiência de Deus, através daqueles aos quais são enviados: os jovens e as classes populares»[16].

  1. A atividade missionária da F. Salesiana na Igreja.

Dom Bosco tinha sessenta anos, em 1875, quando enviou seus primeiros missionários para fora da Itália.
O objetivo era divulgar o Evangelho a quem não o conhecia. Introduzir os pagãos na Igreja Católica única arca de salvação, na mentalidade do tempo. A missão de seus missionários era evangelizadora, mas tinha também o aspecto civilizador. Ensinava-se que missão era ao mesmo tempo «trabalho de humanização e de propagação da fé». Camões em Os Lusíadas cantará as memórias gloriosas «daqueles Reis que foram dilatando a Fé e o Império». As naves descobridoras levavam em seus bojos guerreiros e missionários: conquistadores de Continentes e de almas.
Em uma Carta aos Cooperadores D. Bosco escrevia que a atividade missionária era livrar os selvagens da barbárie secular.
A América do Sul, a Ásia e a África foram invadidas pelos missionários e missionárias salesianos. Homens e mulheres de heróicas virtudes espirituais e humanas dedicaram suas vidas ao da mihi animas coetera tolle. Muitos ou quase todos, após deixarem suas famílias e suas terras, nunca mais voltaram para revê-las. Outros e outras foram martirizados deixando seus sangues e seus ossos em terras estrangeiras e hostis. As biografias destes santos e santas nos mostram que antes da Primeira Grande Guerra Mundial cento e cinqüenta e cinco missionários salesianos e cento e cinqüenta e uma missionária salesianas partiram de seus paises para as missões estrangeiras[17].
O santo de Valdocco não se contentou em salvar almas apenas no Piemonte ou no Continente Europeu. Seus apóstolos em poucos anos transportam-se para o Novo Mundo. O grito ecumênico do profeta Galileu “ide por todo o orbe”, ressoava constantemente em seus ouvidos e o “da mihi animas” envolvia todos os filhos de Deus. Na América, além das preocupações com os jovens, “selvagens” e órfãos, D. Bosco recomendava aos missionários o cuidado para com os imigrantes italianos e seus filhos A febre amarela,[18] a varíola e outros males dizimavam muitas famílias, deixando inúmeros órfãos.
No Brasil, uma outra tarefa dos missionários piemonteses era a preocupação pelos “ingênuos”, ou seja os filhos libertos de escravos após a promulgação da Lei do Ventre Livre[19].
     O jovem João Bosco no Seminário de Chieri já pensava em ser missionário. Seus sonhos incentivavam-no e orientavam-no naquele sentido[20] e na escolha do local[21] para onde enviaria os Salesianos. Não fosse a oposição de seu amigo Cafasso e teria também partido para alguma região de missão, logo após a ordenação sacerdotal.[22]
A segunda Congregação missionária da Igreja, em termos de religiosos enviados às terras de missões, em poucos anos atravessa os Oceanos e ocupa os desertos gelados da Patagônia e da Terra do Fogo. Diversos foram os salesianos massacrados em todos os Continentes pelos ódios tribais contra os brancos ou estrangeiros. Sofrimentos, enfermidades, saudades da terra e da família distantes eram companheiros de todas as horas.
Aos 14 de dezembro de 1875, o primeiro grupo de missionários salesianos saídos da Itália, tendo à frente o Pe. João Cagliero, chega ao porto de Buenos Aires na Argentina.[23] O capítulo XVI e XVII de “Annali”, nos dizem como os Salesianos foram recebidos, falam sobre o bem que faziam, sobre a fama que gozavam nas repúblicas americanas e as dificuldades por que D. Bosco passava para custear as expedições missionárias.
Em 11 de Novembro de 1876, parte o segundo grupo ainda para a América. Os que se destinavam a Argentina embarcaram em Gênova, tendo à frente o Pe. Bodrato. Aqueles destinados a Montevidéu, entre eles o Pe. L. Lasagna, tomaram o navio na cidade francesa de Bordeaux. As passagens foram pagas pelo governo uruguaio.
A terceira expedição realizou-se em novembro de 1877. Dela fizeram parte o Pe. Costamagna e o Pe. Vespignani. Até dezembro de 1887 seguiram-se sete outras levas de SDB e FMA, com destino ao Continente Sul Americano.

·        Vaticano II.
Na segunda metade do Século XX, o VAT. II trouxe à palavra missão um novo entendimento não só teológico, como também antropológico. Diversos documentos conciliares nos falam que o Espírito de Deus sempre atuou no mundo e continua a fazê-lo. O Verbo jamais abandonou suas criaturas humanas.
Naquele Conclave afirma-se ainda que as culturas devem ser respeitadas e que a evangelização deve olhar para cada uma em particular. A missão que é ambivalente, não se ocupa tão somente da ordem espiritual. Sua atividade engloba os aspectos da paz, da justiça social, da distribuição dos bens, da melhoria da vida no planeta. Há muitas maneiras de se construir o Reino de Deus, muitos modos de se fazer missão[24].
Os missionários, salesianos ou não, continuam mesmo após o Vat. II com sua missão evangelizadora. O que passou a ser diferente foram os métodos, as etapas evangelizadoras. Em Fevereiro de 1991, D. Eugenio Viganó escrevia aos Salesianos: « O missionário é convidado a renovar-se sem se desviar».[25]

  1. A F. Salesiana e sua « dimensão missionária».

Já se afirmou que toda a F. Salesiana tem uma alma missionária.
Os SDB e FMA têm sua dimensão missionária exaradas nas suas Constituições renovadas, seguindo as orientações do Vat. II.
 Referindo-se os povos não evangelizados os SDB dizem o seguinte:

«Os povos ainda não-evangelizados foram objeto especial dos cuidados e do ardor apostólico de D. Bosco. Eles continuam a solicitar e a manter vivo o nosso zelo; reconhecemos no trabalho missionário um traço essencial da nossa Congregação.
Com a ação missionária realizamos um trabalho de paciente evangelização e fundação da Igreja num grupo humano. Esse trabalho mobiliza todos os compromissos educativos e pastorais próprios do nosso carisma.
A exemplo do Filho de Deus que em tudo se fez semelhante a seus irmãos, o missionário salesiano assume os valores desses povos e partilha suas angustias e esperanças».[26]

Afirmam ainda importância da «promoção humana» na pastoral missionária.

«Nas paróquias e residências missionárias contribuímos para a difusão do Evangelho e promoção do povo, colaborando com a pastoral da Igreja particular mediante as riquezas de uma vocação específica.
Oferecemos nosso serviço pedagógico e catequético na área juvenil por meios de centros especializados»[27].

As FMA ampliaram bastante a compreensão sobre os artigos referentes à missão, uma vez que anteriormente entendiam a evangelização mais como anúncio explícito da Palavra. «Limaram os artigos constitucionais em mérito»[28]. O mesmo autor afirma que as Irmãs Salesianas realizaram uma escolha melhor, em comparação com os SDBs. Souberam reunir em um único título (falamos acima deste ponto, cfr. nota 10) o conjunto da obra evangelizadora, onde quer que venha a ser atuada.
Em um dos artigos de suas Constituições resume de modo geral:

«Procurando manter vivo o espírito missionário das origens, trabalhamos para o Reino de Deus nos países cristãos e nos que ainda não foram evangelizados ou se descristianizaram, atentas às exigências dos tempos e às urgências das Igrejas particulares».[29]

Outro artigo sobre missão fala do entendimento e da inculturação exigida pela Igreja contemporânea na tarefa da evangelização hodierna.

«A dimensão missionária, - elemento essencial da identidade do Instituto e expressão de sua universalidade – está presente em nossa historia desde as origens. Trabalhamos entre os povos ainda não atingidos pelo anúncio da Palavra, para que possam encontrar em Cristo o significado profundo de suas aspirações e de seus valores culturais. Sendo presença de Igreja, contribuímos para que amadureça nestes nossos irmãos – especialmente nos jovens – a experiência do amor pessoal de Deus, que poderá fazer nascer neles o desejo de acolher o Evangelho e de serem, por sua vez, testemunhas e apóstolos»[30].

VDB – O Regulamento da Voluntária de D. Bosco lembra que ela deve estar «atenta às necessidades e às mudanças do ambiente em que vive, trabalha responsavelmente com a criatividade e a flexibilidade próprias do espírito salesiano»[31].
 As oportunidades são aproveitadas para prestarem seu serviço às missões.

   SS CC – Devem se sentir unidos aos demais grupos da F. Salesiana.

«Os Salesianos Cooperadores se sentem unidos a todos os grupos pertencentes à F. Salesiana. Estão abertos e promovem qualquer forma de colaboração, de modo particular com os grupos leigos, no respeito pela identidade e autonomia de cada um deles»[32].

ADMA – O Regulamento renovado informa que a Associação faz parte do grande movimento fundado por D. Bosco, visando a missão apostólica entre os jovens e as classes populares. E que ela é considerada pelo fundador como parte integrante  da F. Salesiana.
Seu programa de ação está delineado no Regulamento.[33]
Vê-se que a F. Salesiana preparou cuidadosamente a retomada do espírito salesiano, deixado pelo Fundador.

  1. Missão ad gentes e vida consagrada.

O missionário é, em última análise, alguém que tenta fazer prosélitos, mudar uma ideologia, realizar uma conversão. Em nosso tempo o proselitismo não seria um atentado contra a liberdade de consciência? O tempo das missões não estaria superado? Todas as religiões não nos levam para Deus?
Alguém poderá fazer tais interrogações. No entanto, não é isto o que pensa a Igreja de Jesus Cristo, o Missionário por excelência ad gentes (sobre a atividade missionária da Igreja).  O anúncio da Palavra de Deus, realizado pelo Cristo morto e ressuscitado continua fazendo parte integrante da bagagem de todo missionário.
Toda a F. Salesiana, cada grupo de acordo com sua própria fisionomia, permanece ativa e impulsionada a participar, com máximo empenho, da tarefa missionária da Igreja de Cristo.
Para o missionário, para o consagrado ou consagrada, evangelizar é consolidar, fortificar sua própria fé.
 Missão ad gentes oferece ao leigo/a, aos SDB, às Filhas de Maria Auxiliadora, aos SS CC, a ADMA, aos Ex-alunos, às Voluntárias de D. Bosco, enfim, a toda a F. Salesiana oportunidades privilegiadas para exercerem uma ação apostólica missionária em nome da Igreja de Cristo.  A presença característica desses missionários/as irá difundindo aquele sal vivificador e aquela luz que brilhará nas trevas. O espírito de D. Bosco que estes grupos aberta ou silenciosamente poderão imprimir, forjarão um novo aspecto humano, uma nova consciência e mentalidade. Modificarão as mesmas estruturas da sociedade e criarão um «Novo Homem», plasmado à imagem e semelhança do Evangelho.

Recife, março 2010.






[1] Const. 3.
[2] GS 89a.
[3] Cfr. LG 30, 33, 36, 42, 65. GS 11, 42, 55, 58, 76, 89. AA 5, 6, AG 6, 8, 10. PO 14, 17.
[4] Cfr. ACGS, nn 53-57.
[5] Idem. Ibidem.
[6] Idem, nn. 53-57.
[7] Cfr. Pietro Braido, «La missione salesiana oggi», in P. Brocardo – M. Midali (edd). (Torino-Leumann, LDC 1973). Vide também: Spiritualità Salesiana, Cento parole chiave, p. 409. LAS – ROMA, 2000.
[8] Spiritualità Salesiana, cento parole chiave, Francis Desramaut, LAS – ROMA, 2000.
[9] SDB. Const, art 2º,
[10]  FMA. Const. p. 135.
[11] Idem, art. 63.
[12] Cfr, art. 2º.
[13] RVA. Prólogo e art, 1.
[14] RVA, art. 6 §1.
[15] Regulamento da Associação de Maria Auxiliadora, art. 3, § 2.
[16] Art. 21.
[17] E. Valentini, Profili di missionari salesiani e figlie di Maria Ausiliatrice. (ROMA – LAS 1975), XVI-623, apud F. Desramaut, Cento Parole, p 411.
[18]  Em nossa terra sabemos que as autoridades procuravam minorar o número dos óbitos oriundos dos surtos epidêmicos. A população não devia ser alarmada, de modo que as estatísticas reais eram escamoteadas. A propósito, veja-se - em R. Azzi, Os Salesianos no Rio de Janeiro. Vol. I, p 122 e ss - o que mostram os jornais nos inícios de 1882 numa reportagem cujo título era: Mortalidade no Rio de Ja8 de setembro de 1871.
[19] 28 de Setembro de 1871.
[20] Vide MB X, 54 -55.
[21] Ceria, Annali, pp. 423, 505-510 (sobre a América); 505-510 (sobre a Ásia, África, Austrália).
[22] MB I, 328. Pietro Stella, Don Bosco nella Storia… I, pp. 167-186, sobre as missões salesianas na América. MB II, 203-204.
[23] Pe. João Cagliero, Pe. Baccino e o coadjutor Belmonte foram para a Igreja “Mater Misericordiae”. Os demais, Pe. Fagnano, Pe. Tomatis, Pe. Cassinis, Pe. Allavena, Pe. Molinari Pe. Gioia e Pe. Scavini, se dirigiram para San Nicolás, chamada “Iglesia de los Italianos” ou “Capilla Italiana”. Tinha sido construída por aqueles imigrantes que se encontravam sem assistência espiritual.
[24] Cfr. AG,UR, DH, NAE. Veja também os escritos de João Paulo II:  Redemptoris Missio (07/12/1990) (sobre a atualidade permanente do mandato missionário). Ecclesia in África (14 de Setembro de 1995). Ecclesia in Ásia (06 de Novembro de 1999).
[25] Lettera ai salesiani, ACG 336, p 21.
[26] Const. 30.
[27] Const. 42b.
[28] Desramaut, op. cit, p. 413.
[29] Art. 6c.
[30] Art. 75.
[31] Art. 1b.
[32] Regulamento, texto aprovado  ad experimentum, Art. 18.
[33]  Regulamento da Associação de Maria Auxiliadora. Art. 2º.