sábado, 5 de junho de 2010

X DOMINGO DO TEMPO COMUM. ( MISSIONÁRIOS CLARETIANOS).

“Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”

Diante do menino morto, Elias e a mulher pensam e se comportam de uma forma completamente diferente. E é nesta diferença de atitudes que deve ser assimilado o principal ensinamento do episódio. A mulher perdeu todas as esperanças, sente-se derrotada, escarnecida pela morte, e a única coisa que ainda consegue fazer é procurar um culpado: a sua tentativa de superar a angústia, porém, só aumenta mais o seu desespero. O profeta, ao invés, acredita no Deus que dá a vida e que não nos abandona ao poder da morte.

Às vezes, também muitos de nós continuamos pensando como essa mulher pagã. Quando nos defrontamos com algum caso de morte inexplicável, quando nos perguntamos por que acontecem tantas desgraças, alguns de nós ainda falam em “castigo de Deus”. Quem pensa dessa maneira, não tem fé no Deus da vida.

Na segunda leitura, a atitude sincera do apóstolo constitui para nós um apelo a permanecermos abertos às revelações de Deus. Nós temos muitas vezes, o Evangelho, mas as nossas mentes são muito fracas para conseguir entendê-lo em toda a sua profundidade e os nossos corações são muito duros para aceitar todas as suas exigências. O Espírito, porém, continua nos impelindo para descobrir coisas novas na mensagem do Mestre.

Enquanto Elias, um simples profeta, teve que invocar o Senhor da vida, Jesus, mais que um profeta, é o próprio Senhor da vida, e por isso não recorre a ninguém.

“Senhor”, no Antigo Testamento, era reservado a Deus (v. 13). Lucas aqui o aplica (pela primeira vez no seu Evangelho) a Jesus; deste modo, quer que os cristãos das suas comunidades entendam que, em Jesus, o Deus da vida veio ao encontro dos homens aflitos e derrotados pelo drama da morte.

Imaginemos os dois cortejos que se encontram. O primeiro é precedido por Jesus, o Ressuscitado, o vencedor da morte; o segundo é precedido por um cadáver. O primeiro é formado por pessoas radiantes de alegria, felizes, que seguem o Mestre com passadas rápidas; no segundo, ao contrário, estão todos tristes, pesarosos, desesperados, e caminham a passos lentos e de cabeça baixa.

É fácil perceber a quem representam estes dois cortejos: o primeiro representa a comunidade cristã, radiante de alegria porque está junto do seu Senhor, que a conduz para a vida; o segundo é o símbolo da humanidade que ainda não encontrou Cristo: está caminhando para o campo santo e considera a morte como uma derrota irreparável.

O Senhor se compadece da viúva (que representa toda a humanidade, abatida e desesperada), avança, ordena que interrompa sua caminhada em direção à morte e lhe diz: “Não chores mais!”. Em seguida, aproxima-se do féretro, toca-o com sua mão e diz ao jovem: “Levanta-te!”, ou melhor: “Ressuscita”.

É estranho o motivo pelo qual as multidões ficam assombradas. Não louvam a Deus porque o jovem voltou à vida, mas porque o Senhor suscitou um profeta, porque enviou alguém para dar uma resposta à angústia dos homens.

Jesus toca no ataúde, onde está o cadáver (v. 14). Conforme está escrito no Antigo Testamento, este gesto provocava uma grande impureza (cf. Números 19, 6). Jesus não se mostra preocupado com estas tradições dos antigos. A morte, para ele, não contém nada de impuro. Lavar-se, prevenir-se com medidas higiênicas, são medidas certas. Mas se a morte é um nascimento, se marca a entrada para o mundo de Deus, não pode ser causa de impureza. A grande novidade que ele trouxe para nós é esta: a morte não é o encerramento de tudo; a sua ressurreição transformou-a num nascimento.

 

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