domingo, 6 de junho de 2010

COMENTANDO O EVANGELHO DO DOMINGO X DO TEMPO COMUM

A ressurreição do filho da viúva de Nain (Lc. 7, 11-17).
(P. Antenor de Andrade).

Jesus caminha pelas estradas da Galiléia. Seguem com Ele os discípulos e uma grande multidão. De repente, aparece um enterro. Trata-se de um jovem, filho único de uma mãe viúva. O Mestre não procura consolar aquela senhora profundamente triste, acabrunhada. Aproxima-se do caixão e diz: «Jovem, Eu te digo: levanta-te». O moço pula do caixão e começa a falar. Jesus o entrega à mãe. Não sabemos quais os comentários que seguiram ao fato miraculoso. De qualquer modo não nos interessa tanto. O que se sabe é que o rapaz voltou a viver feliz, acompanhando, amparando sua mãe. Este episódio se encontra somente no Ev. de Lucas (faz parte da “procura cuidadosa” cf. Lc. 1, 2-3). Se o comparamos com a ressurreição do filho da viúva de Sarepta (1ª L.) notaremos grande diferença entre os dois profetas: a facilidade com que Jesus opera o milagre e o trabalho de Elias. Este teve que se deitar três vezes sobre o menino. Jesus, é o Senhor. Simplesmente diz: “Levanta-te”. É a primeira vez que Lucas chama Jesus de Senhor.

* A leitura espiritual do texto lucano.
Diante de textos como este devemos ir além de uma leitura histórica, factual, literal ou mesmo eclesiástica. Requer-se uma leitura espiritual ou litúrgica. Não se trata de manipulação, invenção literária, ou usar o Evangelho como queremos e faze-lo dizer o que não é a intenção do escritor sagrado. Uma leitura espiritual nos mostra o que o episódio encerra em seu interior, aquilo que nossos olhos não vêem, mas que o Espírito nos revela. O episódio de Jesus, ao se aproximar do esquife e dar vida ao morto, é um símbolo evidente de uma outra realidade bem mais misteriosa e universal, presente em toda a Escritura. Uma história emblemática emblemático significando que o Filho de Deus, através de sua Encarnação, se aproximou do caixão da humanidade morta pelo pecado e a ressuscitou, deu-lhe nova vida. Jesus é a Ressurreição, por isso é capaz de ressuscitar mortos física e espiritualmente. A mensagem espiritual do encontro com o filho da viúva de Nain deve ser aprofundada, para que a grandeza do Senhor da Vida seja cada vez mais entendida por nós.

* O milagre com o filho da viúva de Nain, faz-nos pensar na encarnação-ressurreição de Jesus e os nossos pecados.
Jesus, assumindo nossas misérias, apaga-as com sua morte e ressurreição. Podemos perguntar: como então as coisas parecem continuar como no início, os mesmos problemas, as mesmas misérias espirituais e materiais, o mesmo desconforto, as mesmas insatisfações? A morte continua dominando o cenário humano.
Lembramos que o Senhor Jesus nos livrou do pecado, mas não de suas conseqüências. Elas continuam em nossas vidas: a concupiscência, o mau uso da liberdade. O coração egoísta do homem continua sendo a fonte do mal. O egoísmo, a violência, a falsidade, a inveja e tantos outros pecados continuam se aninhando em nosso espírito, poluindo nossa existência. Por causa da liberdade que ainda não aprendemos ou não quisemos usar como o Senhor deseja, somos ainda escravos como no Egito, mesmo após a passagem do Mar Vermelho. As sombras da morte pairam sobre a humanidade.
Nós discípulos Daquele que é a Fonte da Luz, que é o Caminho, a Verdade e a Vida temos a inefável e grandiosa tarefa de continuarmos a batalha do Senhor da Vida, tentando convencer o mundo que ele está fora de rumo, palmilha caminhos errados. Esta é a tarefa de todo cristão. O Senhor da Ressuscitado nos ajudará também a ressuscitar o nosso mundo.

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