terça-feira, 4 de janeiro de 2011

VELHAS ÁRVORES - II

“Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas...
Vencedoras da idade e das procelas”.
(Olavo Bilac)


Juazeiro do Norte deve ter parado, por uns momentos, à passagem de um corpo inerte num ataúde, rumo ao campo santo. Quem está ali dentro? Inerte, rosto plácido e sem vida, aquele que em vida fez transportar dezenas de carentes para as suas últimas moradas.
O Bom Samaritano estava ali, reverenciado quando da passagem por algumas ruas tortuosas sempre velhas e belas de Juazeiro do Norte:

SR. LUIZ MAGALHÃES

Este salesiano sem votos professados “caminhava” a passos lentos, contrastando quando em vida “corria” para aqueles que tanto dele precisavam.
“Figura ímpar, a caridade personificada, sua passagem como professor do salesiano está cheia de episódios hilariantes, desde os xingamentos (às vezes irreverentes) aos arremessos dos apagadores do quadro-negro aos alunos distraídos na hora das explicações... Os desfiles pátrios eram aguardados por toda a cidade nos sete de setembro”.
O advérbio “NÃO” jamais fez parte do seu dicionário Aurélio...

“Cuidou da biblioteca do colégio por muitos anos. Seu trabalho de enfermeiro era exercido às escondidas, no seu “consultório”, num cantinho reservado na mesma biblioteca. Atendimento “ao vivo”; era prático nas aplicações das injeções nas santas velhinhas. Na época, as seringas, as agulhas das injeções, eram esterilizadas numa caixinha de metal servindo também de fogareiro para tal mister. Labaredas salvifícas crepitavam “movidas” a álcool...”
Os cortiços, as vilas de casebres toscos eram visitados sempre, sobretudo, quando solicitado. Professor Luiz Magalhães sempre foi a caridade pronta, tempestiva no atendimento a quem o procurava em busca dos remédios, das sulfas salvifícas que amenizavam os sofrimentos dos pacientes.
Das certidões de óbito aos caixões para o corpo agora inerte, nas covas dos cemitérios, Sr. Luiz, ao seu modo, qual verdadeiro samaritano sempre cuidou dos seus pacientes...

E lá se vai o corpo do Sr. Luiz passando pelas ruas do Juazeiro.

Mais uma Velha Árvore que tombou no seio da Família Salesiana como verdadeiro Salesiano Cooperador que seguiu à risca, os conselhos emitidos no projeto de Vida Apostólica da Associação. A idade não temeu às ventanias sopradas nos galhos da árvore forte que era.
Podemos concluir com os versos do poeta:

“Envelheçamos rindo! Envelheçamos!
Como as árvores fortes envelhecem:
na glória da alegria e da bondade
agasalhando os pássaros nos ramos,
dando sombra e consolo aos que padecem!”

Assim foi o Sr. Luiz. Assim o conhecemos. Assim o reverenciamos.

Fraternalmente,
Robério Moraes Ramos.

Foto de João Carlos Menezes 

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