quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Espiritualidade

Liturgia da Palavra: “E lhe porá o nome de Emanuel – Deus está conosco”!
Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração
SÃO PAULO, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – IV do Advento (Ano A) Is 7, 10-14; Rm 1, 1-7; Mt 1, 18-24 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical, sempre às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT.  
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IV Domingo do Advento - A
Leituras: Is 7, 10-14; Rm 1, 1-7; Mt 1, 18-24 
A origem de Jesus Cristo foi assim” (Mt 1,18a).
É uma afirmação muito simples. Ou pelo menos tal parece à primeira vista. 
Parece que irá descrever em detalhes “como” aconteceu o nascimento de Jesus, registrando cuidadosamente o acontecimento. Porém, se ficarmos mais atentos ao texto, talvez descubramos algo mais profundo. O evangelista nos conduz gradativamente a uma aproximação não só das circunstâncias exteriores do nascimento de Jesus, ao “como”, mas sobretudo do descobrimento de seu “significado” teológico e existencial, seja para Israel, para a humanidade e para cada homem e mulher que ao longo do tempo receberão a “boa nova” (= evangelho, em grego) de tal evento. O que significa a origem de Jesus para nós, para mim, hoje?
A palavra “origem” (= gênesis, em grego) nos convida a contemplar o movimento da história de Deus com a humanidade desde os seus inícios (o livro do “Gênesis” é o primeiro livro da Escritura). A partir dessa contemplação, subimos até as misteriosas profundezas do coração de Deus, à fonte divina do amor do qual brotou seu plano para nos fazer partícipes, por graça, de sua própria vida.
A narração da origem/nascimento de Jesus, na visão teológica de Mateus, é o ponto final no qual desemboca a história da humanidade inteira. O nascimento de Jesus é apresentado como o cumprimento do plano que Deus traçara para a humanidade, plano que atinge seu ápice, mesmo através das vicissitudes complicadas das gerações, não raramente marcadas pelo pecado. Mas seu nascimento é também o início da etapa final desta mesma história, a sua plenitude na qual nós estamos vivendo por graça.
Mateus nos revela este sentido teológico e espiritual através da chamada “genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi e filho de Abraão” (Mt 1,1), colocada por ele no início do seu Evangelho como uma porta que nos introduz a seu sentido geral. O movimento da genealogia nos põe na grande aventura humana e, ao mesmo tempo, na trajetória de fé da Virgem Maria e de José seu esposo, ambos chamados a colaborar misteriosamente no cumprimento daquela história santa. É necessário olhar para a unidade entre a genealogia das gerações que precederam o nascimento de Jesus e este evento central de toda a história santa.  
A palavra de Deus deste quarto domingo de Advento projeta já uma grande luz sobre o mistério da Encarnação do Verbo de Deus e sobre sua perene atualidade para todos. A “carne” que o Verbo assume, fazendo sua casa no meio de nós, não é somente a carne biológica de Maria. É toda a realidade humana, cultural, espiritual dos antigos pais de Israel e da humanidade. Por isso a Igreja ao celebrar o Mistério Pascal de Jesus na liturgia dos domingos, nos propõe sempre juntas as leituras do Antigo e do Novo testamento. 
Nossa fé proclama e celebra no Natal o Verbo de Deus “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”.
Com a linguagem e a estrutura simbólica do texto da genealogia, o evangelista nos diz que a história de Israel e da humanidade é uma história complicada: ela está ferida pelo pecado e pelas infidelidades à aliança. Deus, porém, é fiel às promessas feitas aos patriarcas e aos profetas, em particular a Abraão e a Davi, no seu compromisso de conduzir todos à salvação através do Messias nascido da linhagem real do próprio Davi e da fé de Abraão, no qual todos os povos hão de receber a benção.
A longa fila dos antepassados de Jesus, aos quais ele está ligado através de José, parece quase nos dizer que o Verbo de Deus foi assumindo carne “aos poucos” ao longo da história de Israel e da humanidade, através de tantas pessoas e das suas complicadas vicissitudes. Mas “quando enfim chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial”(Gl 4,5). No Filho, pela fé e pelo batismo, todos recebem a mesma graça e dignidade de filhos e filhas do Pai, sem discriminação (Gl 3, 25-29).
A  “origem/nascimento” de Jesus Cristo está no centro da história: orienta a fase que a precede, assim como continua atuando no presente, ou melhor, até seu cumprimento escatológico, o qual, com toda a Igreja e a humanidade, ansiamos.
Contemplando com estupor o mistério de Jesus, com Paulo podemos afirmar: “tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de tudo e tudo nele subsiste. É a cabeça da Igreja, que é o seu corpo” (Cl 1,16-18). Que grande luz a contemplação do mistério de Jesus projeta sobre nosso caminho, ao seu seguimento! Contemplar com fé o menino Jesus na pobreza de Belém ou na simplicidade dos nossos presépios, deveria suscitar sentimentos bem mais profundos e ricos do que uma carinhosa compaixão pela sua pobreza e humildade.
O encantamento frente à história de Deus conosco em Jesus - assim como diante dos acontecimentos às vezes complicados mas sempre surpreendentes da nossa vida, pessoal, familiar, eclesial - é a atitude e a experiência fundamental para encontrar e reconhecer o Senhor, que sempre está próximo. “Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de seu reino” (Prefácio do Advento I A). É a resposta mais apropriada à misteriosa iniciativa de Deus que nos precede, nos acompanha e nos chama para que nos tornemos seus parceiros, livres e obedientes, do seu grande designo de vida.
O famoso filósofo e místico judeu Abraham J. Heschel, um homem que conhecia profundamente a escritura e deixou um vivíssimo testemunho de autêntica experiência de Deus, escreveu: “Os profetas não falam tanto do interesse do homem por Deus, como do interesse de Deus pelo homem” (Deus em busca do homem, pg 517). Esta afirmação vale tanto pelo Antigo como para o Novo testamentoNossa procura de Deus, na realidade é uma tentativa para responder à sua procura por nós!
Esta é a história de Maria e de José que nos oferece Mateus no Evangelho de hoje. Um drama altamente humano e divino, no qual Deus se revela e atua mais uma vez de maneira surpreendente. A história simples de dois jovens israelitas da Galileia de dois mil anos atrás - que com o entusiasmo e as esperanças de todos os jovens noivos, têm já programado o próprio casamento e o próprio futuro - se torna de repente o lugar e o tempo onde irrompe o Deus dos antigos pais e dos profetas de Israel e que pretende realizar seu plano de encontro e salvação em favor de toda a humanidade. Deus chama este jovem casal a despojar-se do próprio presente e do próprio futuro, a dilatar ao infinito de Deus o próprio ninho de amor, e a tornar-se parceiros Dele por todos e em nome de todos. Mas é também a história de cada um e cada uma de nós. 
Mateus com muita discrição coloca Maria apenas no pano de fundo desta história humana e divina, lembrando que ela “ficou grávida pela ação do Espírito Santo, antes de viverem juntos” (1,18). Na lógica da narração de Mateus, no primeiro plano se destaca a pessoa de José, o descendente de Davi. Lucas, por outro lado, nos descreve o caminho interior através do qual Maria chega a se submeter com fé incondicionada ao anúncio inesperado do anjo sobre sua misteriosa maternidade do filho do Altíssimo e a entregar-se sem reserva ao Senhor: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1, 38). O caminho interior de José não pôde ser diferente, nem separado daquele de Maria. São chamados juntos a colaborar ao mesmo projeto de Deus, cada um na sua maneira, mas trilhando o mesmo caminho de fé.
José de verdade é homem de fé (“justo”), que procura entender e cumprir a vontade de Deus e agir segundo as prescrições da lei na sua relação com Maria, sua amada noiva. Ele também fica vivendo o drama de um acontecimento que não se deixa compreender na lógica das relações humanas (Mt 1, 19). Com a misteriosa intuição reveladora que na linguagem bíblica têm os sonhos (cf. Gen 28: o sonho de Jacó; Gen 40: os sonhos de José), uma luz que vem de Deus ao final fornece a José a chave para interpretar sua situação e aquela de Maria na perspectiva de Deus, e lhe dá a coragem para superar o medo do ignoto e aceitar a inimaginável tarefa de ser parceiro de Deus em prol do seu povo (Mt 1, 20-21).
A narração concisa do evangelista não pode esconder o trabalho interior sofrido, pelo qual José passou para chegar à inteligência iluminada pelo Espírito de Deus e que o fez se render. Ele vive uma experiência nova de Deus e acaba fazendo uma viagem de iniciação à nova presença dele que o guiará ao longo da sua vida junto com Maria e Jesus. Este caminho conhecerá momentos exaltantes da alegria que brota de Deus (cf. Lc 2,16-18) e momentos de inquietação (Lc 2,33; 48), de dificuldade a compreender o que está de verdade acontecendo no Filho amado, em Maria e nele mesmo (Lc 2,19). Junto com ela José deverá aprender mais de uma vez a guardar tais acontecimentos no coração, meditando sobre eles (Lc 2,19;51). É o caminho de todo discípulo do reino de Deus. É o caminho que permite a nós também, como dizia Santo Ambrósio, participarmos na geração do Verbo de Deus pela fé, como Maria, como José.
Ao contrário do rei Acaz (1ª leitura), José, junto com Maria, aceita entrar no jogo de Deus. Mesmo frente à desconfiança do rei, Deus não abandona seu povo e promete que ele mesmo fará nascer de uma jovem mulher o rebento real, através do qual ele mesmo salvará seu povo. O nascituro, fruto da promessa de Deus, vai receber um nome que no seu simbolismo exprime o compromisso de Deus e a sua ação libertadora. “Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel - Deus está conosco” (Is 7, 10-14).
Mateus destaca que a promessa de Deus tem seu cumprimento no nascimento de Jesus do seio de Maria, por obra do Espírito Santo (Mt 1,22-23). A tradição cristã, apoiando-se sobre uma tradução grega do texto hebraico, e sobretudo guiada pela luz da Páscoa, reconhecerá na virgem Maria o cumprimento da profecia sobre a jovem mulher de Is, 7,14. Desse modo se evidencia a unidade admirável da única história da salvação guiada por Deus, através da profecia do Antigo Testamento, do cumprimento na pessoa de Jesus e no Novo Testamento, da continuidade na vida da Igreja e de cada alma, até seu cumprimento definitivo na plenitude do reino de Deus no éscaton.  
Paulo na Carta aos Romanos (2 leitura), põe em evidência a consistência permanente desta trama divina da história, e como sua vocação e seu ministério apostólico estejam totalmente ao serviço do seu pleno desenvolvimento, a fim de que “trazidos à obediência da fé” pela pregação do Evangelho, todos os povos e as pessoas se tornem um canto de glória ao nome do Senhor.
Que cada um de nós, progredindo na conversão ao Senhor propiciada pelo Advento, possa chegar a cantar com verdade, junto com Maria e José, e acompanhados pelas vozes festivas da assembleia litúrgica do iminente Natal do Senhor: “O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!” (Sal. Responsorial).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Colônia de férias

Olá Irmãos salesianos, coordenadores, animadores,

Segue em anexo a RELAÇÃO COMPLETA dos vários locais e equipes das Colônias de Férias 2011!.

Todas as informações e orientações encontram-se no próprio subsídio ou no SITE: www.inspetoriasalesiana.com.br . Foi organizado um espaço especial para a Colônia de Férias 2011.

Lembramos aos diretores e coordenadores que as despesas de passagens das equipes dos formandos que irão apoiar a Colônia local é de responsabilidade da comunidade que acolhe.

Pedimos ainda que a partir do recebimento deste comunicado, o salesiano ou coordenador local, entre imediatamente em contato com os animadores inspetoriais e acertem todos os detalhes. Também os salesianos jovens entrem em contato com os vocacionados, aspirantes e pré-noviços e os orientem como chegarem aos vários destinos. Em geral, todos já foram devidamente orientados, porem, é bom  confirmarem novamente.

Durante os dias da Colônia de Férias, no momento da noite, sugerimos várias celebrações a serem vivenciadas com os jovens e as famílias. Este material também estará disponível no SITE.

Recordamos ainda que já se encontra na Casa Inspetorial a terceira e ultima edição 2011, da Revista subsídio Nordeste Jovem. É um excelente subsídio para presentear os animadores, adolescentes e jovens mais crescidos das Colônias de Férias. Aproveitem a ocasião da ordenação e peçam com antecedência a quantidade que sua casa irá precisar.


Abraços a todos e boa colônia de férias 2011.


Pe. Gilberto Antonio da Silva (Pastoral Juvenil)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Brasil: concurso para cartaz da Campanha da Fraternidade

Edição de 2012 discutirá saúde pública
BRASÍLIA, segunda-feira, 6 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) – A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou o concurso nacional para a criação do cartaz da Campanha da Fraternidade (CF) de 2012. O tema do evento será “Fraternidade e saúde pública”, e o lema, “Que a saúde se difunda sobre a terra!”.
De acordo com a CNBB, qualquer pessoa interessada está convidada a criar e enviar para a sede do organismo episcopal, em Brasília, seu trabalho gráfico. O prazo para envio dos cartazes vai até o dia 3 de junho de 2011.
Um júri irá escolher o melhor cartaz que será distribuído para todas as dioceses e paróquias do país

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Primeira Pregação do Advento

CIDADE DO VATICANO, domingo, 5 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos a primeira pregação do Advento pronunciada na última sexta-feira pelo Pe. Raniero Cantalamessa OFM cap, pregador da Casa Pontifícia, diante de Bento XVI e da cúria romana, sobre "A resposta cristã ao cientificismo ateu".
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Primeira Pregação do Advento
"Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos, vejo a lua e as estrelas que criaste: Que coisa é o homem?" (Sal 8, 4-5)
A resposta cristã ao cientificismo ateu
1. A tese do cientificismo ateu
As três meditações deste Advento 2010 querem ser uma pequena contribuição à necessidade da Igreja que levou o Santo Padre Bento XVI a instituir o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização e escolher este tema para a próxima Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos:  Nova evangelizatio ad cristianam fidem tradendam - A nova evangelização para a transmissão da fé cristã.
A intenção é identificar alguns "nós" ou obstáculos que fazem muitos países de antiga tradição cristã "refratários" à mensagem do Evangelho, como diz o Santo Padre no Motu Proprio com o qual estabeleceu o novo Conselho [1]. Os "nós" ou os desafios que eu pretendo levar em consideração e aos quais eu gostaria de tentar dar uma resposta de fé são o cientificismo, o secularismo e o racionalismo. O apóstolo Paulo classifica esses desafios como "as muralhas e fortalezas que se levantam contra o conhecimento de Deus" (cf. 2 Cor 10:4).
Nesta primeira meditação examinemos o cientificismo. Para compreender o que se entende com este termo podemos começar pela descrição feita por João Paulo II:
"Outro perigo a ser considerado é o cientificismo. Esta concepção filosófica recusa-se a admitir, como válidas, formas de conhecimento distintas daquelas que são próprias das ciências positivas, relegando para o âmbito da pura imaginação tanto o conhecimento religioso e teológico, como o saber ético e estético." [2].
Podemos resumir assim a tese principal desta corrente de pensamento:
Primeira tese. A ciência e, particularmente a cosmologia, a física e a biologia, são a única forma objetiva e séria de conhecimento da realidade. "As sociedades modernas, escreveu Monod, estão construídas sobre a ciência. Devem a ela sua riqueza, sua potência e a certeza de que a riqueza e o poder ainda serão maiores e mais acessíveis amanhã ao homem, se ele o quiser [...]. Equipadas com todo o poder, dotadas de toda riqueza que a ciência oferece, nossas sociedades ainda tentam viver e ensinar sistemas de valores, já prejudicados pela mesma ciência subjacente" [3].
Segunda tese. Esta forma de conhecimento é incompatível com a fé que se baseia em pressupostos que não são nem demonstráveis nem refutáveis
Nesta linha, o ateu militante R. Dawkins chega ao ponto de chamar de "analfabetos" os cientistas que se dizem crentes, esquecendo-se de tantos cientistas mais famosos do que ele que já se declararam e continuam declarando-se crentes.
Terceira tese. A ciência já demonstrou a falsidade ou, pelo menos, a inutilidade da hipótese de Deus. É a afirmação que recebeu ampla cobertura dos meios de comunicação do mundo meses atrás, à raiz de uma declaração do astrofísico inglês Stephen Hawking. Este, ao contrário do que já havia escrito anteriormente, sustenta em seu último livro The Grand Design, que o conhecimento advindo da física torna desnecessário acreditar numa divindade criadora do universo: "a criação espontânea é a razão pela qual as coisas existem".
Quarta tese. Quase a totalidade ou a grande maioria dos cientistas são ateus. Esta é a afirmação do ateísmo científico militante, que tem em Richard Dawkins, autor do livro God's Delusion (Deus, um delírio), seu mais ativo propagador.
Todos estes argumentos se revelam falsos, não do ponto de vista do raciocínio a priori ou da argumentação teológica e da fé, mas da própria análise dos resultados da ciência e das opiniões de vários cientistas ilustres do passado e do presente. Um cientista do calibre de Max Planck, o pai da física quântica, diz sobre a ciência aquilo que Agostinho, Tomás de Aquino, Pascal, Kierkegaard e outros já tinham afirmado sobre a razão: "A ciência leva a um ponto, além dele não pode mais dirigir" [4].
Não repetirei a refutação dos argumentos anunciados que já foi feita por cientistas e filósofos competentes. Cito, por exemplo, a crítica pontual de Roberto Timossi, no livro L'illusione dell'ateismo. Perché la scienza non nega Dio (A ilusão do ateísmo. Porque a ciência não nega Deus), que tem apresentação do cardeal Angelo Bagnasco (Edições São Paulo 2009). Limito-me a uma observação elementar. Na semana em que a mídia espalhou a declaração acima, de que a ciência tornou desnecessária a hipótese de um criador, eu me vi na necessidade, na  homilia de domingo, de explicar a cristãos muito simples de uma cidade de Reatino onde estava o erro fundamental de cientistas e ateus e  porque não deveriam ficar impressionados com a sensação despertada por essa declaração. Fiz isso com um exemplo que pode ser útil repetir aqui em um contexto tão diferente.
"Existem aves noturnas, como a coruja, cujos olhos são feitos para ver no escuro da noite, não de dia. A luz do sol cega. Estes pássaros sabem tudo e se movem com agilidade no mundo noturno, mas não são ninguém no mundo diurno. Vamos adotar, por um momento, o tipo de fábulas nas quais os animais falam uns com os outros. Suponha que uma águia faça amizade com uma família de corujas e converse com elas sobre o sol: como ele ilumina tudo, como, sem ele, tudo iria mergulhar no escuro e no frio, como seu próprio mundo noturno não existiria sem o sol. O que diria a coruja? "Você mente! Nunca vi o seu sol. Nos movemos muito bem e conseguimos alimento sem ele. Seu sol é uma hipótese inútil, não existe".
É exatamente isso que faz o cientista ateu quando diz: "Deus não existe". Julga um mundo que não conhece, aplica suas leis a um objeto que está fora do seu alcance. Para ver Deus é necessário olhar com uma perspectiva diferente, aventurar-se fora da noite. Neste sentido, ainda é válida a antiga afirmação do salmista: "Diz o insensato: Deus não existe".
2. Não ao cientificismo, sim à ciência
A rejeição do cientificismo não deve, naturalmente, levar à rejeição ou à desconfiança na ciência, assim como uma rejeição do racionalismo não nos leva a rejeitar a razão. Fazer o contrário seria um desserviço à fé, antes mesmo que à ciência. A história tem nos ensinado dolorosamente onde nos leva uma atitude como essa.
De uma atitude aberta e construtiva à ciência, nos deu um exemplo luminoso o novo beato John Henry Newman. Nove anos depois da publicação da obra de Darwin sobre a evolução das espécies, quando não poucas pessoas ao redor se mostravam turbadas e perplexas, ele assegurava, exprimindo um juízo que antecipava o juízo atual da Igreja sobre a não incompatibilidade da teoria com a fé católica. Vale a pena escutar novamente trechos centrais da sua carta ao canônico J. Walker, que ainda conservam grande parte de sua validade:
"Essa [a teoria de Darwin] não me assusta [...] Não me parece que se negue a criação pelo fato do Criador, milhões de anos atrás, ter imposto leis à matéria. Não negamos nem delimitamos o Criador por ter criado a ação autônoma que deu origem ao intelecto humano dotado quase de um talento criativo; menos ainda negamos ou delimitamos seu poder se acreditamos que Ele tenha assinado leis à matéria tais como plasmar e construir mediante a instrumentalidade cega através de eras inumeráveis o mundo como o vemos hoje [...]. A teoria do senhor Darwin não deve ser necessariamente ateia, que ela seja verdadeira ou não; pode simplesmente estar surgindo uma ideia mais alargada da Divina Presciência e Capacidade... À primeira vista, não vejo como a ‘evolução casual de seres orgânicos' seja incoerente com o plano divino - É casual para nós, não para Deus" [5].
Sua grande fé permitia que Newman visse com grande serenidade as descobertas científicas presentes ou futuras. "Quando uma enxurrada de fatos, reais ou presumidos, surge enquanto outros já se avizinham, todos os crentes, católicos ou não, se sentem chamados a examinar o significado destes fatos" [6]. Ele via nestas descobertas "uma conexão indireta com as opiniões religiosas". Um exemplo desta conexão, acredito eu, é o próprio fato de que, no mesmo ano em que Darwin elaborava a teoria da evolução das espécies, ele, independentemente, anunciava sua doutrina do "desenvolvimento da doutrina cristã". Referindo-se à analogia, neste ponto, entre a ordem natural e física e a moral, ele escreveu: "Como o Criador descansou no sétimo dia após o trabalho realizado e ainda hoje ele ‘continua agindo', assim ele comunicou de uma vez por todas o Credo no princípio e continua favorecendo seu desenvolvimento e garantindo seu crescimento" [7].
Da atitude nova e positiva da Igreja católica em relação à ciência é expressão concreta a Academia Pontifícia das Ciências, na qual cientistas eminentes de todo o mundo, crentes e não crentes, encontram-se para expor e debater suas ideias sobre problemas de interesse comum para a ciência e para a fé.
3. O homem para o universo ou o universo para o homem?
Mas, repito, não é minha intenção fazer aqui uma crítica geral do cientificismo. O que gostaria de destacar é um aspecto particular de algo que tem um impacto direto e decisivo sobre a evangelização: trata-se da posição que o homem ocupa na visão do cientificismo ateu.
Há agora uma corrida entre os cientistas não crentes, especialmente os biólogos e cosmólogos, que vai mais longe ao afirmar a total marginalização e insignificância do homem no universo e mesmo no grande mar da vida. "A antiga aliança é quebrada - Monod escreveu -; o homem finalmente se sabe sozinho na imensidão do Universo do qual emergiu por acaso. Seu dever, como seu destino, não está escrito em nenhum lugar" [8]. "Sempre pensei - afirma outro - ser insignificante. Conhecendo as dimensões do Universo não chego a compreender quanto o sou verdadeiramente... Somos somente um pouco de lama sobre um planeta que pertence ao sol" [9].
Blaise Pascal refutou de antemão esta tese com um argumento que ainda mantém seu vigor:
"O homem é apenas um caniço, o mais fraco da natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para o aniquilar: um vapor, uma gota de água, bastam para o matar. Mas quando o universo o aniquilasse, o homem seria ainda mais nobre do que o que o mata, porque sabe que morre, e a superioridade que o universo tem sobre ele; o universo não sabe nada disso." [10].
A visão cientificista da realidade, junto com o homem, retira subitamente do centro do universo inclusive Cristo. Ele é reduzido, por usar uma expressão de M. Blondel, a "um acidente histórico, isolado do cosmo como um episódio postiço, um intruso ou um perdido na imensidão hostil e esmagadora do Universo" [11].
Esta visão do homem começa a ter reflexos práticos na cultura e na mentalidade. Explicam-se assim certos excessos do ecologismo que tendem a equiparar os direitos dos animais e até das plantas aos direitos do homem. É sabido que existem animais mais bem cuidados e alimentados que milhões de crianças. A influência é sentida inclusive no campo religioso. Há formas difusas de religiosidade nas quais o contato e a sintonia com a energia do cosmo tomaram o lugar do contato com Deus como caminho de salvação. Aquilo que Paulo dizia de Deus: "Pois nele vivemos, nos movemos e existimos" (At. 17, 28), diz aqui do cosmo material.
De certa forma, trata-se do retorno à era pré-cristã como regime de vida: Deus - universo - homem, à qual a Bíblia e o Cristianismo opuseram o regime: Deus - homem - universo. Uma das acusações mais violentas que o pagão Celso faz aos judeus e cristãos é a de dizer que "há Deus e, logo depois dele, nós, desde que fomos criados por ele à sua semelhança; tudo nos é subordinado: a terra, a água, o ar, as estrelas, tudo existe por nós e está ordenado ao nosso serviço" [12].
Mas há ainda uma profunda diferença: no pensamento antigo, principalmente o grego, o homem, mesmo subordinado ao universo, possui uma ‘dignidade altíssima', como mostrou a obra magistral de Max Pohlenz, "O homem grego" [13]; aqui parece que há prazer em deprimir o homem e tirar dele qualquer pretensão de superioridade sobre o resto da natureza. Mais que "humanismo ateu", pelo menos a partir deste ponto de vista, deveríamos falar, no meu modo de ver, de anti-humanismo, ou mesmo "desumanismo ateu".
Chegamos agora à visão cristã. Celso não estava errado em derivá-la da grande afirmação do Gênesis 1, 26 sobre o homem criado "à imagem e semelhança de Deus [14]. A visão bíblica encontra sua mais esplêndida expressão no Salmo 8:
"Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos,
vejo a lua e as estrelas que criaste:
Que coisa é o homem, para dele te lembrares,
que é o ser humano, para o visitares?
No entanto o fizeste só um pouco menor que um deus,
de glória e de honra o coroaste.
Tu o colocaste à frente das obras de tuas mãos.
Tudo puseste sob os seus pés".
A criação do homem à imagem de Deus possui implicações de certa forma chocantes sobre o conceito de homem que o debate atual nos empurra a trazer à luz. Tudo se baseia na revelação da Trindade trazida por Cristo. O homem é criado à imagem de Deus, o que significa que ele compartilha a essência íntima de Deus que é a relação amorosa entre Pai, Filho e Espírito Santo. É claro que existe uma lacuna ontológica entre Deus e a criatura. No entanto, pela graça, (jamais esqueçam esta afirmação!) esta lacuna é preenchida, de modo que é menos profunda do que entre o homem e o resto da criação.
Somente o homem, de fato, como uma pessoa capaz de relacionar-se, participa da dimensão pessoal e relacional de Deus, é sua imagem. O que significa que, na sua essência, embora a um nível de criatura, é o que, no nível incriado, são o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em sua essência. A pessoa criada é "pessoa" propriamente por esse núcleo racional que a torna capaz de acolher o relacionamento que Deus quer estabelecer com ela e, ao mesmo tempo, torna-se um gerador de relações para os outros e o mundo.
4. A força da verdade
Vejamos como se poderia traduzir esta visão cristão da relação homem-universo no campo da evangelização. Primeiro, um prefácio. Resumindo o pensamento do mestre, um discípulo de Dionísio Areopagita enunciou esta grande verdade: "Não se deve refutar a opinião dos outros, nem se deve escrever contra uma opinião ou religião que não parece boa. Se deve escrever só a favor da verdade e não contra os outros" [15].
Não se pode absolutizar este princípio (às vezes pode ser útil e necessário refutar doutrinas falsas), mas é certo que a exposição positiva da verdade é, muitas vezes, mais eficaz que a refutação do erro contrário. É importante, creio, tomar em conta este critério na evangelização e especialmente no confronto com os três obstáculos mencionados anteriormente: cientificismo, secularismo e racionalismo. Na evangelização, é mais eficaz que a polêmica contra eles, a exposição pacífica da visão cristã, contando com a força inerente desta quando acompanhada de profunda convicção e feita, como incutia São Pedro, "com doçura e respeito" (1 Pe 3, 16).
A maior expressão da dignidade e da vocação do homem, segundo a visão cristã, foi cristalizada na doutrina da deificação do homem. Esta doutrina não teve tanta importância na Igreja Ortodoxa quanto na latina. Os Padres gregos, superando todos custos que o uso de pagão tinha acumulado sobre o conceito de deificação (theosis), fizeram dele o centro de sua espiritualidade. A teologia latina tem insistido menos sobre ela. "O propósito da vida para os cristãos gregos - lê-se  no Dictionnaire des Spiritualitè - é a divinização, o que para os cristãos do Ocidente é a aquisição da santidade... O Verbo se fez carne, de acordo com os gregos, para devolver ao homem semelhança de Deus perdida em Adão e para divinizá-lo. Para os latinos, ele se fez homem para redimir a humanidade... e para pagar a dívida com a justiça de Deus" [16]. Poderíamos dizer, simplificando ao máximo, que a teologia latina, depois de Agostinho, insiste sobre o que Cristo veio tirar - o pecado -, e a grega insiste mais sobre o que ele veio dar aos homens: a imagem de Deus, o Espírito Santo e a vida divina.
Não se deve forçar demais esta oposição, como às vezes tendem a fazer alguns autores ortodoxos. A espiritualidade latina, por vezes, expressa o mesmo ideal ainda que evite o termo divinização, que, é bom lembrar, é estranho à linguagem bíblica. Na liturgia das horas da noite de Natal, vamos ouvir a vibrante exortação de São Leão Magno, que expressa a mesma visão da vocação cristã: "Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro" [17].
Infelizmente, alguns autores ortodoxos mantiveram-se firmes à controvérsia do século XIV, entre Gregório Palamas e Barlaam, e parecem ignorar a rica tradição mística latina. A doutrina de São João da Cruz, por exemplo, de que os cristãos, redimidos por Cristo e tornados filhos no Filho, estão imersos no fluxo das operações trinitárias e participam da vida íntima de Deus não é menos elevada que a da divinização, ainda que se expresse em termos diferentes. Também a doutrina sobre os dons da inteligência e da sabedoria  do Espírito Santo, tão cara a São Boaventura e autores medievais, estava animada pelo mesma inspiração mística.
Não pode, contudo, deixar de reconhecer que a espiritualidade ortodoxa tem algo a ensinar sobre este ponto ao resto da cristandade, à teologia protestante ainda mais do que à teologia católica. Se existe realmente alguma coisa verdadeiramente oposta à visão ortodoxa do cristão deficado pela graça é a concepção protestante, particularmente a luterana, da justificação extrínseca e legal de que o homem redimido é, "ao mesmo tempo,  justo e pecador", pecador em si mesmo, justo diante de Deus.
Acima de tudo, podemos aprender com a tradição oriental a não reservar esse ideal sublime da vida cristã a uma elite espiritual chamada a percorrer os caminhos da mística, mas oferecê-lo a todos os batizados, torná-lo objeto de catequese para o povo, de formação religiosa nos seminários e noviciados. Se volto a pensar nos meus anos de formação, me lembro de ter visto uma ênfase quase exclusiva na ascese que centrava tudo na correção de vícios e na aquisição da virtude. Quando perguntado pelos discípulos sobre o objetivo final da vida cristã, um santo russo, São Serafim de Sarov, respondeu sem hesitação: "A verdadeira finalidade da vida cristã é a aquisição do Espírito Santo de Deus. Quanto à oração, o jejum, vigílias, esmolas e outras boas obras feitas em nome de Cristo, são apenas meios para adquirir o Espírito Santo" [18].
5. "Tudo foi feito por meio dele"
O Natal é a ocasião ideal para voltar a propor a nós mesmos e aos demais este ideal, patrimônio comum da cristandade. É da encarnação do Verbo que os Padres gregos derivam a própria possibilidade da divinização. São Atanásio não se cansa de repetir: "O Verbo se fez homem para que pudéssemos nos tornar Deus" [19]. "Ele se encarnou e o homem tornou-se Deus, porque se uniu a Deus", escreve por sua vez São Gregório Nazianzeno [20]. Com Cristo, é restaurado ou trazido à luz aquele ser "à imagem de Deus" que é a base da superioridade do homem sobre o restante da criação.
Dizia antes como a marginalização do homem traz consigo automaticamente a marginalização de Cristo do universo e da história. Ainda sobre este ponto de vista o Natal é a antítese mais radical da visão cientificista. Sobre isso, escutaremos proclamar solenemente: "Tudo foi feito por meio dele, e sem ele nada foi feito de tudo o que existe" (Jo. 1,3); "pois é nele que foram criadas todas as coisas, tudo foi criado através dele e para ele" (Col 1,16). A Igreja assumiu essa revelação e nos faz repetir no Credo: "Per quem omnia facta sunt": Por meio dele tudo foi criado.
Ouvindo estas palavras - enquanto todos à nossa volta que não fazem mais que repetir "O mundo se explica sozinho, sem necessidade da hipótese de um criador", ou "somos frutos do acaso e da necessidade" - se dá, sem dúvida, um choque, mas é mais fácil que se produza um conversão e floresça a fé depois de um choque como esse que com uma longa argumentação apologética. A questão crucial é: seremos capazes, nós que aspiramos reevangelizar o mundo, de expandir nossa fé a essa dimensão? Nós realmente acreditamos, de todo o coração, que "todas as coisas foram feitas por meio de Cristo e em vista de Cristo"?
Em seu livro Introdução ao Cristianismo, há muitos anos, Santo Padre, escreveu:
"A segunda parte principal do Credo coloca-nos propriamente diante do elemento cristão fundamental: a crença de que o homem Jesus, um indivíduo executado na Palestina pelo ano 30, é o ‘Cristo' (ungido, escolhido) de Deus, e mais: é o próprio Filho de Deus, centro e opção de toda a história humana... Contudo, o primeiro impacto desta realidade causa escândalo ao pensamento humano: Não nos tornamos com isto vítimas de um tremendo positivismo? Será razoável agarrar-nos à palhinha de um único acontecimento histórico? Poderemos ousar fundamentar a nossa existência inteira, e até a história toda, sobre o que não passa de pobre palha de um acontecimento qualquer a boiar no grande oceano da história?" [21].
Para estas questões, Santo Padre, nós vamos responder sem hesitar, como faz o senhor nesse livro e como não se cansa de repetir hoje, na sua qualidade de Sumo Pontífice: Sim, é possível, é libertador e alegre. Não por nossas orças, mas pelo dom inestimável da fé recebemos e pela qual damos graças infinitas a Deus.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Papa pede compreensão para pessoas sozinhas, idosas e doentes

Intenções de oração para o mês de dezembro
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 30 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Bento XVI pede orações para que se compreendam melhor as situações difíceis dos idosos e doentes, assim como das pessoas que estão sozinhas.
A proposta é feita nas intenções de oração para o mês de dezembro, contida na carta pontifícia confiada ao Apostolado da Oração, iniciativa seguida por cerca de 50 milhões de pessoas nos cinco continentes.
O Bispo de Roma apresenta duas intenções, uma geral e outra missionária.
A intenção geral do Apostolado da Oração do Papa para o mês de dezembro é: "Para que a experiência do sofrimento seja ocasião para compreender as situações difíceis e de dor em que vivem as pessoas sozinhas, os doentes e os idosos, e estimule todos a ir ao encontro deles com generosidade".
A intenção missionária é: "Para que os povos da Terra abram as portas a Cristo e ao seu Evangelho de paz, fraternidade e justiça".

Bento XVI anima a lutar pela proibição das armas nucleares

Ao receber o novo embaixador do Japão na Santa Sé
ROMA, terça-feira, 30 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – “Uma parte das somas dedicadas às armas poderia ser destinada a projetos de desenvolvimento econômico e social, à educação e à saúde”, afirmou o Papa ao receber em audiência, no sábado, o novo embaixador do Japão na Santa Sé, Hidekazu Yamaguchi. No início de seu discurso, o Papa quis recordar que este ano se celebra o 65º aniversário do trágico bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, ao final da Segunda Guerra Mundial.
“A recordação deste obscuro episódio da história da humanidade vai sendo cada vez mais dolorosa, à medida que morrem quantos foram testemunhas de tal horror – afirmou o pontífice –, sublinhando que esta tragédia nos recorda com insistência quão necessário é perseverar nos esforços a favor da não proliferação das armas nucleares e do desarme”.
A propósito disso – prosseguiu –, o Japão “deve ser citado como exemplo para o apoio constante à busca de soluções políticas que permitam não só impedir a proliferação das armas nucleares, mas também de evitar que a guerra seja considerada como um meio para resolver os conflitos entre as nações e entre os povos”.
Partilhando as preocupações do Japão sobre as armas nucleares, o Papa assegurou que “a Santa Sé anima todas as nações a instaurar pacientemente os vínculos econômicos e políticos da paz”.
Estes vínculos – afirmou – devem se “elevar como uma praça forte contra toda pretensão de recurso às armas, e permitam promover o desenvolvimento humano integral de todos os povos”.
“A arma nuclear continua sendo uma fonte de grande preocupação. Sua posse e o risco de um eventual uso geram tensões e desconfianças em numerosas regiões do mundo”, assegurou.
O Papa chamou também a atenção sobre a “instabilidade dos mercados e do emprego” ligada à crise econômica global, da qual não se salvou nenhum país, e por isso anima a usar o dinheiro das armas para outros fins.
Neste cenário – explicou –, “o lugar que o Japão ocupa na economia internacional continua sendo muito importante e, com motivo da crescente globalização do sistema comercial e dos movimentos de capitais, que é uma realidade, as decisões que seu governo tomar continuarão tendo repercussões muito além de suas fronteiras”.
Por isso, o pontífice aludiu ao financiamento assegurado por Tóquio aos países em vias de desenvolvimento, assegurando que representam algo essencial para obter a paz.
Por sua parte, o novo embaixador japonês dirigiu-se a Bento XVI reafirmando a vontade de seu país de “trabalhar com todas as forças pelo desarmamento total”.