domingo, 24 de outubro de 2010

. " O SUCESSO É CONSEQÜÊNCIA."

Espíritos Evoluídos
Nas olimpíadas especiais de Seattle, nove participantes,
todos com deficiência mental,alinharam- se para a largada da corrida dos
100 metros rasos.
Ao sinal, todos partiram, não em disparada, mas com vontade
de
dar o melhor de si,terminar a corrida e ganhar.
Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar.
Os outros oito ouviram o choro.
Diminuíram o passo e olharam para trás. Então viraram e voltaram...

Todos voltaram!
Uma das meninas com Síndrome de Down ajoelhou, deu um beijo no garoto e
disse:
- Pronto, agora vai sarar!
E todos os noves competidores deram os braços e andaram juntos até a
linha de chegada.
O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos...
Talvez os atletas fossem deficientes mentais...
Mas com certeza, não eram deficientes espirituais. ..

"Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta
vida,
mais do que ganhar sozinho é ajudar os outros a vencer,
mesmo que isso signifique ter que diminuir os nossos passos..."

Procure ser uma pessoa de valor, em vez de procurar ser uma pessoa de
sucesso"...

..... " O SUCESSO É CONSEQÜÊNCIA."
(Albert Einstein)

MISSÃO E FAMÍLIA SALESIANA

MISSÃO E FAMÍLIA SALESIANA

Pe. Antenor de Andrade Silva, sdb.

  1. Missão em geral e na Família salesiana.
  2.  A missão salesiana na Igreja.
  3. A atividade missionária da Família Salesiana na Igreja.
  4. A Família Salesiana e sua dimensão missionária.
  5. Missão ad gentes e Vida consagrada.

  1.  Missão:
a)       em geral.
b)       na F. Salesiana.

a). O verbete missão em Aurélio, entre outras acepções, significa encargo, incumbência, envio, dever a cumprir.
Missionário era aquele que propagava a fé, que instruía em matéria religiosa. O Grande missionário de todos os tempos foi o Filho de Deus que recebeu o encargo do Pai de trazer à humanidade a doutrina da Boa Nova do Evangelho. Aparecendo aos Onze, após a ressurreição, o Senhor ordenava-lhes: ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura (Mc. 16,15). E em Mateus: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide pois e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 19 s). Em outro lugar dirá, passando sua missão aos discípulos: assim como o Pai me enviou, eu também vos envio a vós.
No decorrer do século XX o termo latino missio (missão) teve uso muito freqüente em amplos setores da teologia cristã.
b). Na época de D. Bosco e até não muito longe de nós, a palavra missão ou missões mesmo entre os Salesianos, significava a obra evangelizadora dos povos que ainda não conheciam o Evangelho, missão entre os pagãos, missão no meio daqueles que ainda não faziam parte da Igreja Católica.
Roma enviava seus missionários para os paises e Continentes, a fim de evangelizarem os gentios ou os pobres selvagens. Assim eram chamados pelos europeus os habitantes da América.
Os SDB realizaram seu Capitulo Geral Especial em 1971-1972, época em que fizeram a reforma das Constituições. Até então falava-se simplesmente de missões estrangeiras.
Eis senão quando as coisas tomam outro aspecto. O entendimento oficial dos SDB e das FMA a respeito de missão passa a ser considerado de um modo bem mais diferenciado, repensado e re-elaborado, segundo as exigências do Vat. II (1962-1965):

«A missão dá a toda a nossa existência o seu tom concreto, especifica a tarefa que temos na Igreja e determina o lugar que ocupamos entre as famílias religiosas»[1].

As Constituições renovadas das Filhas de Maria Auxiliadora no Art. 1º afirmam que o Instituto: «participa na Igreja da missão salvífica de Cristo, realizando o projeto de educação cristã próprio do Sistema Preventivo».
O Vat. II usa constantemente as palavras: missão da Igreja. Na Gaudium et Spes: «a Igreja em virtude de sua missão divina prega o Evangelho e concede os tesouros da graça a todos os povos»[2].
A missão de anunciar o Reino de Cristo, confiada aos Apóstolos, foi também confiada a cada batizado. Este mandato está cima de todo particularismo, de qualquer raça ou nação. Trata-se de algo espiritual, apolítico, superando qualquer perspectiva econômica ou social.
Os documentos: Lumen Gentium (Constituição dogmática sobre a Igreja), Gaudium et Spes (Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje), Apostolicam Auctuositatem (Decreto sobre o apostolado dos leigos), Ad Gentes (Decreto sobre a atividade missionária da Igreja), Presbyterorum Ordinis (sobre o ministério e vida dos presbíteros) insistem em apresentar a missão recebida pela Igreja e pelos cristãos como algo de natureza religiosa e humana. Por um lado busca a salvação integral do homem, tanto em termos espirituais como temporais. Por outro, se interessa pela construção de um mundo melhor baseado na verdade e na justiça[3].
A Missão e as missões da Família Salesiana seguem naturalmente a orientação descrita no Vat. II.

  1. A Missão salesiana na Igreja.

O Capítulo Geral Especial dos SDB (Roma, 1971) quando resolveu introduzir o termo missão, como parte da descrição da «identidade» salesiana procurou cuidadosamente justificar seu uso[4].  Após explicar, em cinco números, sua intenção definiu de um modo geral a missão salesiana.

 «Falar da “missão dos Salesianos” significa então evidenciar desde o início o sentido da própria vocação e da própria presença na Igreja. Deus os “chama” e os “envia” para prestar um serviço específico na Igreja: cooperar diretamente com a salvação integral dos jovens, sobretudo pobres»[5].                                                                                                

No mesmo texto o Capítulo tece algumas considerações no sentido de que a nossa missão não se destina apenas aos jovens, mas também aos adultos.[6]
Não é fácil estabelecer de modo exato o objeto e o conteúdo da missão salesiana, observa Pe. Francis Desramaut. Para as Constituições renovadas certas orientações de D. Bosco, afirma o pesquisador francês, impedem delinear os confins bem definidos da missão salesiana, quer se trate dos destinatários, que se trate de seus métodos.
Não se discute sobre os destinatários primordiais que são os jovens especialmente os mais pobres. O espírito é o mesmo apresentado por D. Bosco no seu opúsculo, escrito em 1877, sobre o Sistema Preventivo na educação da juventude.
A única missão que existe é a da Igreja, por conseguinte a missão da F. Salesiana deve ser a mesma da Igreja.

«Formamos um só corpo com um só fim e com a mesma missão. Deus nos chama na Igreja, através da Igreja, com a Igreja para salvar a humanidade. Participamos então da única missão da Igreja. Na Igreja há uma só missão e muitos ministérios, muitas vocações; daí uma só missão com funções especializadas»[7].

As funções de cada grupo da Família salesiana emergem da missão particular de cada uma dessas entidades. Encontram-se descritas nas Constituições renovadas dos SDB; das FMA; das Voluntárias de D. Bosco e no Regulamento de Vida Apostólica dos Salesianos Cooperadores.
No excelente trabalho do Pe. F. Desramaut encontramos alguns artigos basilares sobre a «missão».[8]
·        SDB Nas Constituições de 1984: «os Salesianos formamos uma comunidade de batizados que, dóceis à voz do Espírito intentam realizar numa forma específica de vida religiosa o projeto apostólico do fundador: ser na Igreja sinais e  portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres. No cumprimento desta missão, encontramos o caminho da nossa santificação»[9].
·        FMA – Um dos assuntos desenvolvidos pelo Capítulo Geral XVII das FMA (1982)  tem como título: «Enviadas para as jovens no Espírito do “Da mihi animas”»[10].
Notar a palavra enviadas, ou seja, aquelas que receberam uma missão.
                           
 A nossa missão

 «nasce da iniciativa do Pai que nos chama a participar, na Igreja, - como comunidade apostólica salesiana – do ministério profético, sacerdotal e real de Cristo, com o testemunho, o anúncio da Palavra e a celebração da salvação. Supõe o dom da “predileção” pelas jovens e nos empenha a sermos para elas, na escola de Maria, sinal e mediação da caridade de Cristo Bom Pastor, através de projeto cristão de educação integral no estilo do Sistema Preventivo»[11].

·        Voluntárias - «As Voluntárias são cristãs que, chamadas a seguir a Cristo mais de perto, procuram viver em profunda harmonia consagração, secularidade e salesianidade»[12], desenvolvendo sua missão na Igreja e no mundo.
·         SS CCD. Bosco os convidou para «cooperar na sua missão de salvação dos jovens, sobretudo os pobres e abandonados»[13].

«Colaboram ativamente na sua missão em nome da Igreja, unidos à Congregação Salesiana, sob a autoridade do Reitor-Mor, como Sucessor de D. Bosco, em espírito de fidelidade aos Pastores e em colaboração com as outras forças eclesiais[14].

·        ADMA – Na  F. Salesiana os associados da procuram «sublinhar e difundir a devoção popular mariana, como instrumento de evangelização e de promoção das classes sociais menos favorecidas e da juventude carente»[15].
·        EX ALUNOSFazem parte da F. Salesiana pela formação recebida nas Obras salesianas. Gozam de inúmeras possibilidades de viverem no século o «bom cristão e o honesto cidadão». Podem ser grandes apóstolos na formação de «um mundo novo».
Os dois primeiros artigos do Capítulo I do Regulamento Reformado dos Ex-alunos/as de D. Bosco tratam da identidade e missão da Associação. O Regulamento  atual, foi ratificado em 12 de abril de 2008 pela Junta Confederativa dos Ex-alunos/as Mundiais de D. Bosco.

  • Identidade – O artigo 1º descreve muito claramente a posição dos antigos alunos/as quanto à identidade de ambos na missão conjunta com a Família Salesiana.

«Ex-alunos e Ex-alunas de D. Bosco são aqueles que, por terem freqüentado um Oratório, uma Escola ou qualquer outra obra salesiana, receberam uma preparação para a vida segundo os princípios do Sistema Preventivo de D. Bosco. A educação recebida que conserva os vínculos de filiação e gratidão a D. Bosco que leva o Ex-aluno a participar da missão salesiana no mundo, manifesta-se assumindo, segundo as próprias possibilidades e sua situação específica de leigos, responsabilidade de efetiva colaboração para realizar as finalidades próprias do projeto educativo salesiano»( Regulamento. Art. 1º ).

O segundo indica a posição e atuação deste grupo que ocupou os pátios das Obras de D. Bosco.
  • Missão – Estes colaboradores da missão salesiana formam um exército numeroso que pode atuar com conhecimento um Sistema que viveram durante os tempos de internos ou externos nos Colégios da Congregação.

«O Ex-aluno/a conserva e aprofunda os princípios educativos recebidos, para traduzi-los em autênticos empenhos de vida mediante a caridade fraterna e a mútua assistência. Para tal finalidade o Ex-alunos/a, pessoalmente ou em grupo, faz própria a Carta de Comunhão e a Carta da Missão da F. Salesiana, considerando fundamental a complementaridade com os diversos ramos da F. Salesiana para conseguir os seus objetivos. Além disso, eles/as empenham-se seriamente em:
a)      Renovar propósitos e dar testemunho da vida cristã permanecendo fiel ao espírito de D. Bosco;
b)      Participar com uma presença concreta, às finalidades evangelizadoras da Igreja;
c)      Enfrentar os problemas das realidades temporais, colocando à disposição os valores humanos e cristãos do quais, como leigos/as, têm direta experiência no âmbito familiar, profissional e social;
d)      Estimular e valorizar o espírito ecumênico entre os cristãos;
e)      Solicitar das outras religiões a abertura ao diálogo».(Regulamento. Art. 2º ).
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Carta de Comunhão.
Este documento de 1995, quando fala da sobre a Missão juvenil e popular da F. Salesiana tem uma afirmação muito sucinta e clara:

 «Os discípulos de D. Bosco fazem experiência de Deus, através daqueles aos quais são enviados: os jovens e as classes populares»[16].

  1. A atividade missionária da F. Salesiana na Igreja.

Dom Bosco tinha sessenta anos, em 1875, quando enviou seus primeiros missionários para fora da Itália.
O objetivo era divulgar o Evangelho a quem não o conhecia. Introduzir os pagãos na Igreja Católica única arca de salvação, na mentalidade do tempo. A missão de seus missionários era evangelizadora, mas tinha também o aspecto civilizador. Ensinava-se que missão era ao mesmo tempo «trabalho de humanização e de propagação da fé». Camões em Os Lusíadas cantará as memórias gloriosas «daqueles Reis que foram dilatando a Fé e o Império». As naves descobridoras levavam em seus bojos guerreiros e missionários: conquistadores de Continentes e de almas.
Em uma Carta aos Cooperadores D. Bosco escrevia que a atividade missionária era livrar os selvagens da barbárie secular.
A América do Sul, a Ásia e a África foram invadidas pelos missionários e missionárias salesianos. Homens e mulheres de heróicas virtudes espirituais e humanas dedicaram suas vidas ao da mihi animas coetera tolle. Muitos ou quase todos, após deixarem suas famílias e suas terras, nunca mais voltaram para revê-las. Outros e outras foram martirizados deixando seus sangues e seus ossos em terras estrangeiras e hostis. As biografias destes santos e santas nos mostram que antes da Primeira Grande Guerra Mundial cento e cinqüenta e cinco missionários salesianos e cento e cinqüenta e uma missionária salesianas partiram de seus paises para as missões estrangeiras[17].
O santo de Valdocco não se contentou em salvar almas apenas no Piemonte ou no Continente Europeu. Seus apóstolos em poucos anos transportam-se para o Novo Mundo. O grito ecumênico do profeta Galileu “ide por todo o orbe”, ressoava constantemente em seus ouvidos e o “da mihi animas” envolvia todos os filhos de Deus. Na América, além das preocupações com os jovens, “selvagens” e órfãos, D. Bosco recomendava aos missionários o cuidado para com os imigrantes italianos e seus filhos A febre amarela,[18] a varíola e outros males dizimavam muitas famílias, deixando inúmeros órfãos.
No Brasil, uma outra tarefa dos missionários piemonteses era a preocupação pelos “ingênuos”, ou seja os filhos libertos de escravos após a promulgação da Lei do Ventre Livre[19].
     O jovem João Bosco no Seminário de Chieri já pensava em ser missionário. Seus sonhos incentivavam-no e orientavam-no naquele sentido[20] e na escolha do local[21] para onde enviaria os Salesianos. Não fosse a oposição de seu amigo Cafasso e teria também partido para alguma região de missão, logo após a ordenação sacerdotal.[22]
A segunda Congregação missionária da Igreja, em termos de religiosos enviados às terras de missões, em poucos anos atravessa os Oceanos e ocupa os desertos gelados da Patagônia e da Terra do Fogo. Diversos foram os salesianos massacrados em todos os Continentes pelos ódios tribais contra os brancos ou estrangeiros. Sofrimentos, enfermidades, saudades da terra e da família distantes eram companheiros de todas as horas.
Aos 14 de dezembro de 1875, o primeiro grupo de missionários salesianos saídos da Itália, tendo à frente o Pe. João Cagliero, chega ao porto de Buenos Aires na Argentina.[23] O capítulo XVI e XVII de “Annali”, nos dizem como os Salesianos foram recebidos, falam sobre o bem que faziam, sobre a fama que gozavam nas repúblicas americanas e as dificuldades por que D. Bosco passava para custear as expedições missionárias.
Em 11 de Novembro de 1876, parte o segundo grupo ainda para a América. Os que se destinavam a Argentina embarcaram em Gênova, tendo à frente o Pe. Bodrato. Aqueles destinados a Montevidéu, entre eles o Pe. L. Lasagna, tomaram o navio na cidade francesa de Bordeaux. As passagens foram pagas pelo governo uruguaio.
A terceira expedição realizou-se em novembro de 1877. Dela fizeram parte o Pe. Costamagna e o Pe. Vespignani. Até dezembro de 1887 seguiram-se sete outras levas de SDB e FMA, com destino ao Continente Sul Americano.

·        Vaticano II.
Na segunda metade do Século XX, o VAT. II trouxe à palavra missão um novo entendimento não só teológico, como também antropológico. Diversos documentos conciliares nos falam que o Espírito de Deus sempre atuou no mundo e continua a fazê-lo. O Verbo jamais abandonou suas criaturas humanas.
Naquele Conclave afirma-se ainda que as culturas devem ser respeitadas e que a evangelização deve olhar para cada uma em particular. A missão que é ambivalente, não se ocupa tão somente da ordem espiritual. Sua atividade engloba os aspectos da paz, da justiça social, da distribuição dos bens, da melhoria da vida no planeta. Há muitas maneiras de se construir o Reino de Deus, muitos modos de se fazer missão[24].
Os missionários, salesianos ou não, continuam mesmo após o Vat. II com sua missão evangelizadora. O que passou a ser diferente foram os métodos, as etapas evangelizadoras. Em Fevereiro de 1991, D. Eugenio Viganó escrevia aos Salesianos: « O missionário é convidado a renovar-se sem se desviar».[25]

  1. A F. Salesiana e sua « dimensão missionária».

Já se afirmou que toda a F. Salesiana tem uma alma missionária.
Os SDB e FMA têm sua dimensão missionária exaradas nas suas Constituições renovadas, seguindo as orientações do Vat. II.
 Referindo-se os povos não evangelizados os SDB dizem o seguinte:

«Os povos ainda não-evangelizados foram objeto especial dos cuidados e do ardor apostólico de D. Bosco. Eles continuam a solicitar e a manter vivo o nosso zelo; reconhecemos no trabalho missionário um traço essencial da nossa Congregação.
Com a ação missionária realizamos um trabalho de paciente evangelização e fundação da Igreja num grupo humano. Esse trabalho mobiliza todos os compromissos educativos e pastorais próprios do nosso carisma.
A exemplo do Filho de Deus que em tudo se fez semelhante a seus irmãos, o missionário salesiano assume os valores desses povos e partilha suas angustias e esperanças».[26]

Afirmam ainda importância da «promoção humana» na pastoral missionária.

«Nas paróquias e residências missionárias contribuímos para a difusão do Evangelho e promoção do povo, colaborando com a pastoral da Igreja particular mediante as riquezas de uma vocação específica.
Oferecemos nosso serviço pedagógico e catequético na área juvenil por meios de centros especializados»[27].

As FMA ampliaram bastante a compreensão sobre os artigos referentes à missão, uma vez que anteriormente entendiam a evangelização mais como anúncio explícito da Palavra. «Limaram os artigos constitucionais em mérito»[28]. O mesmo autor afirma que as Irmãs Salesianas realizaram uma escolha melhor, em comparação com os SDBs. Souberam reunir em um único título (falamos acima deste ponto, cfr. nota 10) o conjunto da obra evangelizadora, onde quer que venha a ser atuada.
Em um dos artigos de suas Constituições resume de modo geral:

«Procurando manter vivo o espírito missionário das origens, trabalhamos para o Reino de Deus nos países cristãos e nos que ainda não foram evangelizados ou se descristianizaram, atentas às exigências dos tempos e às urgências das Igrejas particulares».[29]

Outro artigo sobre missão fala do entendimento e da inculturação exigida pela Igreja contemporânea na tarefa da evangelização hodierna.

«A dimensão missionária, - elemento essencial da identidade do Instituto e expressão de sua universalidade – está presente em nossa historia desde as origens. Trabalhamos entre os povos ainda não atingidos pelo anúncio da Palavra, para que possam encontrar em Cristo o significado profundo de suas aspirações e de seus valores culturais. Sendo presença de Igreja, contribuímos para que amadureça nestes nossos irmãos – especialmente nos jovens – a experiência do amor pessoal de Deus, que poderá fazer nascer neles o desejo de acolher o Evangelho e de serem, por sua vez, testemunhas e apóstolos»[30].

VDB – O Regulamento da Voluntária de D. Bosco lembra que ela deve estar «atenta às necessidades e às mudanças do ambiente em que vive, trabalha responsavelmente com a criatividade e a flexibilidade próprias do espírito salesiano»[31].
 As oportunidades são aproveitadas para prestarem seu serviço às missões.

   SS CC – Devem se sentir unidos aos demais grupos da F. Salesiana.

«Os Salesianos Cooperadores se sentem unidos a todos os grupos pertencentes à F. Salesiana. Estão abertos e promovem qualquer forma de colaboração, de modo particular com os grupos leigos, no respeito pela identidade e autonomia de cada um deles»[32].

ADMA – O Regulamento renovado informa que a Associação faz parte do grande movimento fundado por D. Bosco, visando a missão apostólica entre os jovens e as classes populares. E que ela é considerada pelo fundador como parte integrante  da F. Salesiana.
Seu programa de ação está delineado no Regulamento.[33]
Vê-se que a F. Salesiana preparou cuidadosamente a retomada do espírito salesiano, deixado pelo Fundador.

  1. Missão ad gentes e vida consagrada.

O missionário é, em última análise, alguém que tenta fazer prosélitos, mudar uma ideologia, realizar uma conversão. Em nosso tempo o proselitismo não seria um atentado contra a liberdade de consciência? O tempo das missões não estaria superado? Todas as religiões não nos levam para Deus?
Alguém poderá fazer tais interrogações. No entanto, não é isto o que pensa a Igreja de Jesus Cristo, o Missionário por excelência ad gentes (sobre a atividade missionária da Igreja).  O anúncio da Palavra de Deus, realizado pelo Cristo morto e ressuscitado continua fazendo parte integrante da bagagem de todo missionário.
Toda a F. Salesiana, cada grupo de acordo com sua própria fisionomia, permanece ativa e impulsionada a participar, com máximo empenho, da tarefa missionária da Igreja de Cristo.
Para o missionário, para o consagrado ou consagrada, evangelizar é consolidar, fortificar sua própria fé.
 Missão ad gentes oferece ao leigo/a, aos SDB, às Filhas de Maria Auxiliadora, aos SS CC, a ADMA, aos Ex-alunos, às Voluntárias de D. Bosco, enfim, a toda a F. Salesiana oportunidades privilegiadas para exercerem uma ação apostólica missionária em nome da Igreja de Cristo.  A presença característica desses missionários/as irá difundindo aquele sal vivificador e aquela luz que brilhará nas trevas. O espírito de D. Bosco que estes grupos aberta ou silenciosamente poderão imprimir, forjarão um novo aspecto humano, uma nova consciência e mentalidade. Modificarão as mesmas estruturas da sociedade e criarão um «Novo Homem», plasmado à imagem e semelhança do Evangelho.

Recife, março 2010.






[1] Const. 3.
[2] GS 89a.
[3] Cfr. LG 30, 33, 36, 42, 65. GS 11, 42, 55, 58, 76, 89. AA 5, 6, AG 6, 8, 10. PO 14, 17.
[4] Cfr. ACGS, nn 53-57.
[5] Idem. Ibidem.
[6] Idem, nn. 53-57.
[7] Cfr. Pietro Braido, «La missione salesiana oggi», in P. Brocardo – M. Midali (edd). (Torino-Leumann, LDC 1973). Vide também: Spiritualità Salesiana, Cento parole chiave, p. 409. LAS – ROMA, 2000.
[8] Spiritualità Salesiana, cento parole chiave, Francis Desramaut, LAS – ROMA, 2000.
[9] SDB. Const, art 2º,
[10]  FMA. Const. p. 135.
[11] Idem, art. 63.
[12] Cfr, art. 2º.
[13] RVA. Prólogo e art, 1.
[14] RVA, art. 6 §1.
[15] Regulamento da Associação de Maria Auxiliadora, art. 3, § 2.
[16] Art. 21.
[17] E. Valentini, Profili di missionari salesiani e figlie di Maria Ausiliatrice. (ROMA – LAS 1975), XVI-623, apud F. Desramaut, Cento Parole, p 411.
[18]  Em nossa terra sabemos que as autoridades procuravam minorar o número dos óbitos oriundos dos surtos epidêmicos. A população não devia ser alarmada, de modo que as estatísticas reais eram escamoteadas. A propósito, veja-se - em R. Azzi, Os Salesianos no Rio de Janeiro. Vol. I, p 122 e ss - o que mostram os jornais nos inícios de 1882 numa reportagem cujo título era: Mortalidade no Rio de Ja8 de setembro de 1871.
[19] 28 de Setembro de 1871.
[20] Vide MB X, 54 -55.
[21] Ceria, Annali, pp. 423, 505-510 (sobre a América); 505-510 (sobre a Ásia, África, Austrália).
[22] MB I, 328. Pietro Stella, Don Bosco nella Storia… I, pp. 167-186, sobre as missões salesianas na América. MB II, 203-204.
[23] Pe. João Cagliero, Pe. Baccino e o coadjutor Belmonte foram para a Igreja “Mater Misericordiae”. Os demais, Pe. Fagnano, Pe. Tomatis, Pe. Cassinis, Pe. Allavena, Pe. Molinari Pe. Gioia e Pe. Scavini, se dirigiram para San Nicolás, chamada “Iglesia de los Italianos” ou “Capilla Italiana”. Tinha sido construída por aqueles imigrantes que se encontravam sem assistência espiritual.
[24] Cfr. AG,UR, DH, NAE. Veja também os escritos de João Paulo II:  Redemptoris Missio (07/12/1990) (sobre a atualidade permanente do mandato missionário). Ecclesia in África (14 de Setembro de 1995). Ecclesia in Ásia (06 de Novembro de 1999).
[25] Lettera ai salesiani, ACG 336, p 21.
[26] Const. 30.
[27] Const. 42b.
[28] Desramaut, op. cit, p. 413.
[29] Art. 6c.
[30] Art. 75.
[31] Art. 1b.
[32] Regulamento, texto aprovado  ad experimentum, Art. 18.
[33]  Regulamento da Associação de Maria Auxiliadora. Art. 2º.

F. Salesiana: subsídios para formação

Identidade e espiritualidade dos Salesianos Cooperadores

(Em 1876, Pio IX reconhecia de a Associação dos Cooperadores Salesianos. O novo Regulamento de Vida apostólica -RVA- foi aprovado 110 anos depois, em 09 de maio de 1986).

I – D. Bosco e os Salesianos Cooperadores

Antes de fixar uma denominação para seus colaboradores externos, não religiosos D. Bosco pensou vários anos. Foram cerca de trinta anos de dúvidas, de hesitações.  O ano de 1841(a reunião dos 17) ficou marcado como o primeiro embrião de sua obra, nascida somente dezoito anos mais tarde.
Durante aqueles anos de incertezas os SS CC receberam diversas denominações:
  • Promotores do Oratório de S. Francisco de Sales;
  • Membros externos da congregação (ou sociedade) de S. Francisco de Sales;
  • Associados à congregação de S. Francisco de Sales;
  • Associados salesianos;
  • Membros da União cristã;
  • Membros da Associação salesiana;
  • Membros da Associação das boas obras.
  • “Cooperadores Salesianos” em 1876.[1]

Co-operador (trabalhador com)

Precedendo o substantivo operador, D. Bosco juntou o prefixo Co, dando a idéia de operador, trabalhador com, para reforçar a união com a sociedade religiosa por ele fundada.
Em 1876 foi publicado em Albenga (cidade italiana na Ligúria) um Regulamento para os Cooperadores. Na introdução do texto lia-se:

«Ao leitor.  Apenas começou a Obra dos Oratórios em 1841, logo alguns pios zelosos sacerdotes e leigos vieram ajudar a cultivar a messe que desde então se apresentava copiosa em meio aos jovens periclitantes. Estes Colaboradores ou Cooperadores foram sempre o sustentáculo das Obras Pias que a Divina Providencia nos colocava nas mãos».[2]

O termo cooperador para D. Bosco envolvia três conceitos:
  1. Uma associação.
  2.  Uma associação com a Congregação.
  3. Uma associação salesiana, em vista de uma determinada ação apostólica, de acordo com o carisma salesiano.
D. Bosco pensou durante muito tempo em ligar os CC SS à Sociedade por ele fundada. Pouco antes da aprovação nas Constituições salesianas, havia um capitulo dedicado aos membros externos da Congregação. Na sua primeira redação (cerca de 1860), podia-se ler:
  1. Qualquer pessoa, mesmo vivendo em sua casa, no seio da própria família pode pertencer à nossa Sociedade.
  2. Eles não fazem nenhum voto, mas procurarão colocar em pratica a parte do presente regulamento que é compatível com sua idade e condição.
  3. Para participar dos bens espirituais da Sociedade é necessário que se faça ao menos uma promessa ao Reitor Mor de empregar suas posses e suas energias da maneira que ele julgue que é para a maior glória de Deus.
  4. Esta promessa não traz nenhuma obrigação, nem mesmo venial.

II – Identidade dos SS CC

* Um assunto de capital importância para qualquer organização é descobrir qual sua verdadeira identidade. Em nosso caso de Família Salesiana devemos procurar descobrir qual a idéia original de D. Bosco a nosso respeito.
Diante das forças do mal unidas e agressivas nosso Fundador quis reunir:

 «um verdadeiro exército de apóstolos, unidos e disciplinados que se engajasse decididamente na salvação da juventude em perigo». [3]

Um grupo destes apóstolos resolveu permanecer, vivendo em comum “estavelmente” com D. Bosco em Turim, ajudando-o no Oratório. Outros segundo o caminho normal a todos os cristãos, vivendo em suas casas, exerciam o apostolado, seguindo as orientações de Valdocco, de acordo com suas condições e possibilidades de cada um.

Vejamos pois, o que são os Salesianos Cooperadores e o que não são.

O que não são os SS CC.

a) Não se trata de membros de uma associação qualquer, pois fazem parte da Igreja, através dos Salesianos. Na Igreja de Cristo encontramos uma infinidade de organizações que não têm ligação especial com a Congregação. Eles têm seu chefe e orientador maior na pessoa do Superior Geral dos Salesianos.
b)      Há pessoas generosas que doam parte de suas riquezas para obras da Igreja ou outras instituições. São benfeitores ou filantropos. Hoje, os SS CC não são mais considerados nestas categorias, embora a Congregação lhes agradeça, quando eles ajudam seus projetos e missões pelo mundo. Pode-se ser benfeitor sem estar preso a um regulamento, sem fazer parte de um grupo social.
c) Não são pessoas que fazem parte da boa idade, aposentadas e que resolveram entregar aos SDBs/FMA parte de suas economias. Ou que desejam ser amigos dos mesmos, cultuar seus santos, participar das práticas de piedade ou dos movimentos salesianos. Tudo isso são práticas louváveis, mas não individualizam o SS CC, não preenchem os requisitos do RVA.
c)      Os CC SS não são pessoas nossas amigas ou mesmo que atuem, segundo o carisma salesiano, que trabalhem no meio dos jovens pobres e abandonados e os promovem com sua presença. Mesmo que sejam dirigidos, ou de alguma maneira, tenham algum contato com SDBs/FMA, até mesmo espiritualmente.

Quem são os SS CC

a) O RVA deixa claro que eles são «verdadeiros Salesianos no mundo».[4]
O Salesiano Cooperador é alguém que conhecendo o projeto apostólico de D. Bosco procura vivenciá-lo no mundo leigo em que vive e trabalha. Deve ser, portanto um cristão traduza na sua vida o Evangelho, como D. Bosco o fez e de modo especial, voltado para os jovens pobres e abandonados. Seu Colaborador procura:
·        Seguir o carisma salesiano, trabalhando fraterna e associadamente na missão juvenil e popular;
·        Sentir-se unido com toda a Família Salesiana;
·        Procurar em sua atividade o bem da Igreja e da sociedade;
·        Adaptar-se às próprias condições e possibilidades concretas.
Todas estas atividades, segundo D. Bosco, são próprias da Associação, tanto para os leigos como para o clero secular (Cfr.art. 4º).
A vocação do Cooperador é um dom, mas é também uma opção livre de cada um. Vejamos o que se diz no RVA:

«Comprometer-se como Cooperador é responder à vocação salesiana, assumindo um modo específico de viver o Evangelho e de participar da missão da Igreja. É ao mesmo tempo, dom e opção livre, que qualifica a existência».[5]

O CGE aponta quatro características importantes para a identidade do SS CC:
1.      É um verdadeiro salesiano no mundo. Um leigo ou sacerdote que mesmo sem a profissão dos religiosos procura a santidade dedicando-se ao apostolado juvenil e popular. A comunhão com a Congregação e a Igreja local são inseparáveis.
2.      Sua vocação é essencialmente um chamado para servir à Igreja. Não se trata simplesmente de um serviço à Congregação, mas à Igreja nas inúmeras necessidades e ocasiões que aparecem. O Cooperador tem como

 «verdadeiro fim trabalhar diretamente para o serviço da Igreja, dos bispos, dos párocos, sob a orientação responsável dos salesianos” Vós sois “instrumentos na mão dos Bispos”»[6]

3.      O Sistema Preventivo Salesiano requer sempre a presença diante de quem recebe um serviço. Está sempre vigilante «onde quer que haja um mal a impedir e um bem a promover». [7]
4.      O serviço salesiano deve ser realizado na unidade.
Dom Bosco não se cansava de insistir no trabalho em conjunto, na “união dos cristãos para apoiar e promover o bem, impedir e neutralizar o mal”. Todos trabalhando unidos conseguirão a conseqüente eficácia apostólica. Devemos

«unir as forças entre nós e com oda a Congregação. Unamo-nos, pois, olhando para o mesmo fim e utilizando os mesmos meios para o alcançar...Unamo-nos como uma única família com os vínculos do amor fraterno»[8].




Benfeitores da Congregação.
Até à Segunda Guerra Mundial os CC foram praticamente benfeitores da Congregação. Isso, não obstante os superiores encarregados se esforçarem para modificar o entendimento que se tinha a respeito.
Os diretores salesianos reunidos em 1926 (Valsalice) formularam a seguinte declaração:

 «Chamam-se Cooperadores Salesianos aqueles que desejam se ocuparem de obras de caridade, não em geral, mas em espécie, de acordo e segundo o espírito da Congregação de S. Francisco de Sales.  Os Cooperadores porem, se diferenciam dos simples benfeitores. Nem mesmo devem se considerar como uma Fraternidade ou Associação religiosa».[9]


Pio XII em um discurso programático (12 de setembro de 1922) inscreveu a União dos Cooperadores nas associações do laicato católico. O Vat. II (1962-1965), observando que o Regulamento era o mesmo, desde os tempos de D. Bosco, estimulou sua revisão.
Assim surgiu um Novo Regulamento apresentado de forma experimental em 1974. Estudado, emendado e melhorado recebeu o nome de «Regulamento de Vida Apostólica da Associação dos Cooperadores Salesianos». Conhecido como RVA foi aprovado pela Santa Sé, em 9 de maio de 1986 e promulgado pelo Pe. Egidio Viganò no dia 24 de maio daquele ano, dia mundial salesiano em homenagem a Nossa Senhora Auxiliadora.[10]
*** A imagem renovada do SS CC, delineando sua identidade, tem pelo menos três características importantes com respeito ao seu espírito, à sua missão e à organização da Associação.
O RVA delineia a figura a figura deste grupo da FS nos termos que seguem:.
«O Cooperador é um católico que vive a sua fé inspirando-se, dentro da própria realidade secular, no projeto apostólico de Dom Bosco:
- empenha-se na mesma missão juvenil e popular, de maneira fraterna e associada;
- sente viva a comunhão com os outros membros da Família Salesiana;
- trabalha para o bem da Igreja e da sociedade de maneira adequada à própria condição e às suas possibilidades concretas».[11]
Ao procurarmos descobrir as primeiras intenções de D. Bosco sobre o Cooperador veremos que seus coadjuvantes eram cristãos e católicos, verdadeiros salesianos no mundo, não tinham votos religiosos e podiam ser leigos ou sacerdotes. Qualquer outra pessoa, amiga ou admiradora do santo, mas que não estivesse dentro destas categorias, mesmo colaborando com os Cooperadores, estaria fora da Associação, que gozava de foros públicos e eclesiais.
Trata-se de uma única vocação vivida de dois modos.
«D. Bosco concebeu a Associação dos Cooperadores aberta quer aos leigos, quer ao clero secular.
O Cooperador leigo concretiza seu compromisso e vive o espírito salesiano nas situações ordinárias de vida e de trabalho, com sensibilidade e características laicais e difunde seus valores no próprio ambiente.
O Cooperador sacerdote ou diácono desempenha o próprio ministério inspirando-se em Dom Bosco, modelo eminente de vida sacerdotal. Nas opções pastorais dá preferência aos jovens e aos ambientes populares, enriquecendo dessa maneira, a Igreja na qual trabalha».[12]   ***

Ao entrar e viver na Associação não deve esquecer que seu compromisso é apostólico. A promessa que ele faz exprime claramente esta idéia. Prometo empenhar-me em viver o Projeto evangélico da Associação:
·        Ser fiel discípulo de Cristo na Igreja Católica;
·        Trabalhar no vosso reino, especialmente pela promoção e pela salvação dos jovens;
·        Aprofundar e testemunhar o espírito salesiano;
·        E colaborar, em comunhão de Família, nas iniciativas apostólicas da Igreja local.[13]

Os SS CC são para D. Bosco apóstolos cristãos no século, no mundo em que vivem. Realizam seus compromissos no meio de suas tarefas cotidianas.

«O Cooperador realiza o seu apostolado, em primeiro lugar, nos empenhos diários. Quer seguir Jesus Cristo, Homem perfeito, enviado pelo Pai para servir os homens, no mundo. Para isso tende a realizar, nas condições ordinárias de vida, o ideal evangélico do amor de Deus e ao próximo. E o faz animado pelo espírito salesiano e dando em toda a parte uma atenção preferencial à juventude necessitada».[14]

O artigo 9º (RVA) refere-se ao Cooperador casado, que sabendo que os pais são os «primeiros educadores dos filhos», procura “construir uma comunhão matrimonial profunda”, uma “Igreja doméstica”.

******II – Identidade dos SS CC

Benfeitores da Congregação. Até à Segunda Guerra Mundial os Cooperadores Salesianos foram praticamente benfeitores da Congregação. Isso, não obstante os superiores encarregados se esforçarem para modificar o entendimento que se tinha a respeito.
Os diretores salesianos reunidos em 1926 (Valsalice) formularam a seguinte declaração:

 «Chamam-se Cooperadores Salesianos aqueles que desejam se ocuparem de obras de caridade, não em geral, mas em espécie, de acordo e segundo o espírito da Congregação de Sc Francisco de Sales.  Os Cooperadores porem, se diferenciam dos simples benfeitores. Nem mesmo devem se considerar como uma Fraternidade ou Associação religiosa».[15]


Pio XII em um discurso programático (12 de setembro de 1922) inscreveu a União dos Cooperadores nas associações do laicato católico. O Vat. II (1962-1965), observando que o Regulamento era o mesmo, desde os tempos de D. Bosco, estimulou sua revisão.
Assim surgiu um Novo Regulamento apresentado de forma experimental em 1974. Estudado, emendado e melhorado recebeu o nome de «Regulamento de Vida Apostólica da Associação dos Cooperadores Salesianos». Conhecido como RVA foi aprovado pela Santa Sé, em 9 de maio de 1986 e promulgado pelo Pe. Egidio Viganò no dia 24 de maio daquele ano, dia mundial salesiano de Nossa Senhora Auxiliadora.[16]
A imagem renovada do SS CC, delineando sua identidade, tem pelo menos três características importantes com respeito ao seu espírito, à sua missão e à organização da Associação.
Eis como o RVA delineia a figura do SS CC.
«O Cooperador é um católico que vive a sua fé inspirando-se, dentro da própria realidade secular, no projeto apostólico de Dom Bosco:
- empenha-se na mesma missão juvenil e popular, de maneira fraterna e associada;
- sente viva a comunhão com os outros membros da Família Salesiana;
- trabalha para o bem da Igreja e da sociedade;
- de maneira adequada à própria condição e às suas possibilidades concretas».[17]
Ao procurarmos descobrir as primeiras intenções de D. Bosco sobre o Cooperador veremos que seus coadjuvantes eram cristãos e católicos, verdadeiros salesianos no mundo, não tinham votos religiosos e podiam ser leigos ou sacerdotes. Qualquer outra pessoa, amiga ou admiradora do santo, mas que não estivesse dentro destas categorias, mesmo colaborando com os Cooperadores, estaria fora da Associação, que gozava de foros públicos e eclesiais.
O mesmo Regulamento dos Cooperadores  fala de uma única vocação vivida de dois modos.
«D. Bosco concebeu a Associação dos Cooperadores aberta quer aos leigos, quer ao clero secular.
O Cooperador leigo concretiza seu compromisso e vive o espírito salesiano nas situações ordinárias de vida e de trabalho, com sensibilidade e características laicais,s e difunde seus valores no próprio ambiente.
O Cooperador sacerdote ou diácono desempenha o próprio ministério inspirando-se em Dom Bosco, modelo eminente de vida sacerdotal. Nas opções pastorais dá preferência aos jovens e aos ambientes populares, enriquecendo dessa maneira, a Igreja na qual trabalha».[18]


O SS CC deve lembrar que ao entrar e viver na Associação seu compromisso é apostólico. A promessa que ele faz exprime claramente esta idéia. Prometo empenhar-me em viver o Projeto evangélico da Associação dos Cooperadores Salesianos, isto é:
·        Ser fiel discípulo de Cristo na Igreja Católica;
·        Trabalhar no vosso reino, especialmente pela promoção e pela salvação dos jovens;
·        Aprofundar e testemunhar o espírito salesiano;
·        E colaborar, em comunhão de Família, nas iniciativas apostólicas da Igreja local.[19]

Os SS CC são para D. Bosco apóstolos cristãos no século, no mundo em que vivem. Realizam seus compromissos no meio de suas tarefas cotidianas.

«O Cooperador realiza o seu apostolado, em primeiro lugar, nos empenhos diários. Quer seguir Jesus Cristo, Homem perfeito, enviado pelo Pai para servir os homens, no mundo. Para isso tende a realizar, nas condições ordinárias de vida, o ideal evangélico do amor de Deus e ao próximo. E o faz animado pelo espírito salesiano e dando em toda a parte uma atenção preferencial à juventude necessitada».[20]

O artigo 9º (RVA) refere-se ao Cooperador casado, que sabendo que os pais são os «primeiros educadores dos filhos», procura “construir uma comunhão matrimonial profunda”, uma “Igreja doméstica”.


·        Responsabilidades sociais.
Fiel ao Evangelho de Cristo, o SS CC ator no mundo procura construir uma consciencia realmente cristã, assumindo suas responsabilidades diante da sociedade, da cultura, da economia e da política. Seu trabalho deve ser constante diante das injustiças, das violências, das marginalizações, das falcatruas. A verdade, a liberdade, a justiça, a formação da consciencia dos jovens, sua educação para a fé devem ser preocupação constantes de todos os membros da FS. Assim, encarnando os ensinamentos do Cristo Ressuscitado poderão formar «Homens Novos» para criarem um Novo Mundo (Cfr, RVA. art,17).[21]
Devem se interessar também na promoção da pastoral vocacional, auxiliados em todos os campos de suas atividades pelo Diretor local da obra.


 Algumas características do CC SS.

Ao examinarmos as citações acima, notamos que elas se integram entre si.[22]

1. A identidade cristã-eclesial.  O SS CC é um batizado, membro do povo de Deus e da Igreja católica. Está portanto, em comunhão com o Corpo de Cristo e sues Pastores. Nesta situação ele assumirá seus compromissos cristãos, segundo as orientações do dos documentos do Vat. II. Desenvolve sua missão como prova e expressão de fidelidade ao Evangelho no espírito das Bem-aventuranças. (cfr.A.A.n°2, 3 ss).
2. A Identidade secular.  Ele é antes de tudo um leigo. Batizado e crismado chamado a viver no mundo com tarefas seculares, seno que a primeira é a animação cristã salesiana, (porque ele é Salesiano), das realidades temporais.
3. A identidade salesiana. É um batizado leigo, chamado pelo Espírito a viver sua eclesialidade (pertença viva à Igreja) e secularidade (dimensão transformadora das realidades secular mundana) na missão e com  o espírito de D. Bosco, fazendo parte da família. Deste modo torna-se um verdadeiro salesiano no mundo: os valores do espírito salesiano devem ser considerados e assumidos e vividos em sua consciência e na sua vida.
Sua especificidade salesiana se desenvolve, cresce em referencia existencial com o mundo secular.
4. A dimensão apostólica.  D. Bosco ensinava que esta Associação é considerada como uma Ordem Terceira dos antigos, com a diferença de que naquelas propunha-se a perfeição cristã no exercício da piedade; aqui tem-se como fim principal a vida ativa no exercício da caridade para como próximo e especialmente para com a juventude em perigo.[23]
No Cap. IV do RVA encontram-se uma serie de atividades, onde o SS CC pode desenvolver seu carisma salesiano. Quem pode dar mais, faça-o. Quem pode dar menos não se omita. O menos pode ser até mais para Deus. Lembremos o exemplo da velhinha do Evangelho, elogiada por Jesus.
O CGE indica alguns campos em que o SS CC pode atuar:
·        O trabalho nos setores em que a juventude atual mais necessitada se encontra de auxilio, quer social quer espiritualmente;
·        A preocupação pelos problemas que dizem respeito à família em geral e em particular à educação dos jovens para o matrimônio;
·        O trabalho catequético sério, em formas atuais e com os meios correspondentes às exigências da nossa sociedade secularizada;
·        A procura e a promoção de vocações sacerdotais, religiosas e leigas, especialmente missionárias;
·        O esforço pela justiça no mundo, exercitado oportunamente e mediante formas diversas política e socialmente possíveis;
·        A plena inserção nos movimentos apostólicos mundiais, especialmente naqueles que têm em vista o serviço da juventude;
·        A promoção e a valorização cristã dos meios de comunicação social.
De acordo com os tempos e lugares poderão surgir ainda outras tarefas que podereis realizar segundo vosso carisma e disponibilidade.
5. A integração fundamental. Sabemos que o projeto apostólico é único: a salvação dos jovens. Isso o Cooperador procura desenvolver de acordo com a situação de cada um e suas respectivas possibilidade. Para desenvolver esta missão ele/a trabalham de acordo com o pensar e agir dos SDB e FMA (Cfr. Reg. de Dom Bosco, III).
- Empenhando-se na missão da juventude e na missão popular de forma pessoal, fraterna e associada;
- Sentindo viva a comunhão com os outros membros da FS, especialmente com os SDB e FMA.
- Trabalhando para o bem da Igreja e da sociedade. Em sua atividade procura se inserir como fermento na massa.
- Adaptando-se à sua condição e situação, afastando assim qualquer tipo de descriminação.
- Agindo como cooperador faz de tal modo que oferece um verdadeira contribuição original (os valores de sua laicidade) à FS, especialmente aos SDB.
6. A dimensão associativa.  Está bastante clara no RVA.
- A vocação do SS CC tem uma dimensão essencial, a união. Ele deve se convencer dessa realidade. Jamais deve ser alguém isolado: trabalha sempre em comunhão e colaboração, de forma fraterna associada (art.3).
- Trata-se de uma fraternidade carismática: o E. Santo conserva unidos aqueles aos quais chamou e neste particular todos os membros da FS  experimentam como autênticos os laços recíprocos.
- Imprescindíveis: a comunhão, a participação, a co-responsabilidade, a partilha, as trocas de experiências. Nesta atividade, de acordo com o Regulamento o cooperador está sempre crescendo, juntamente.
- O Centro local é um lugar de comunhão de trocas de experiência de vida espiritual, de trabalho apostólico e assim se torna também um lugar de formação permanente. É através do Centro que o SS CC se coloca em comunhão com todas as Inspetorias Salesianas em nível do país e do mundo (encontros, Congressos, meios de comunicação social).

III - O espírito e a espiritualidade do SS CC.

Além dos valores evangélicos, comuns à vivência de todo cristão, a situação secular laical do Cooperador deve considerar a experiência de vida cristã e salesiana em relação com o mundo, com os irmãos (comunhão com a Igreja) com Deus em Cristo (dimensão interior).
 - É a mística do “da mihi animas” que anima e orienta as atividades apostólicas do SS CC. Ele conserva o estilo típico salesiano através da formação, oração e união com Deus.
- Espírito e espiritualidade tocam profundamente o coração do Cooperador até mesmo nos comportamentos mais simples e cotidianos. Claro que nem todos podem atender as atividades descritas acima (dimensão apostólica), mas devem viver e agir com estilo próprio da salesianidade (cfr. A.A. n°4). O espírito é a expressão do carisma, uma realidade ampla e profunda que abarca a totalidade da pessoa e da vida. Os SS CC mostra ao mundo uma realidade nova e original dentro da Igreja. Um modo típico de traduzir e viver a espiritualidade evangélica segundo o espírito salesiano. Vivida no século, no mundo.

·        Uma escola de santidade
Nas Memórias Biográficas D. Bosco afirma que a Associação dos Cooperadores «é criada para sacudir da apatia em que jazem tantos cristãos, e difundir a energia da caridade... O Senhor acompanha com abundância de suas graças todos os que tabalham no espírito do “da mihi animas”, fazendo o bem à juventude, isso é, preparando bons cristãos e honestos cidadãos para a sociedade». (Art. 50).
Uma olhada pelo mundo salesiano e notaremos que não são poucas as pessoas que optam pelo estilo de vida dos SS CC.
Há cerca de treze anos (1997), saía na França uma espécie de propaganda (depliant) explicando porque as pessoas procuravam se engajar no estilo de vida dos SS CC. Lia-se no texto:
«Amo os jovens. Sus aspirações me interpelam e escolhi estar vizinhos a eles. Preciso de uma pedagogia moderna e de uma espiritualidade que me enriqueça. Frequentemente encontro outros leigos, salesianos religiosos, irmãs salesianas, em meio à Família Salesiana, lugar de troca, de partilha, de reflexão, de trabalho e de oração».[24]

O objetivo de D. Bosco fundando a F. Salesiana era levar à santidade não só aos diversos grupos, mas também aos destinatários da mesma. O Cooperador não estava fora desta visão bosquiana e em nosso tempo deve continuar ainda, olhando, remando para o alto. Nesta caminhada ele vai perseguindo «um caminho eu leva à santidade». O Senhor, dono da messe, certamente vai seguindo e cumulando com suas graças todos os que trabalham dentro do espírito do “da mihi animas”. A tarefa de preparar bons cristãos para a Igreja e honestos cidadãos para a sociedade terá sempre o apoio e as bênçãos da Mãe e Mestra e de seu Filho.

Fontes:
·        CGE XX, 493 ss ROMA,1971.
·        RVA.
·        Spiritualità Salesiana, cento parole chiave. Francis Desramaut, LAS-ROMA, 2001.1.



[1] Cfr. Spiritualità Salesiana, cento parole, Francis Desramaut, p.179, LAS-ROMA, 2001
[2] Cooperatori salesiani, ossia un modo pratico per giovare al buon costume a alla civile società (Albenga 1976) 3.
[3] CGE 729.
[4] Art. 3º
[5] Art 2º § 2º.
[6] CGE  731.
[7] Boletim Salesiano, janeiro 1878.
[8] Idem, ibidem, janeiro 1878.
[9] Resoconto dei Congresssi tenuuti daí Direttori Salesiani a Valsalice nell’estate del 1926, in ACS 36 (24 settembre 1926) 514-515.               
[10] Cfr. RVD, pp 3-5. Editora Salesiana Dom Bosco.
[11] RVA, art. 3º .
[12] RVA, art. 4º.
[13] Idem, art. 40.
[14] Idem, art. 7º.
[15] Resoconto dei Congresssi tenuuti daí Direttori Salesiani a Valsalice nell’estate del 1926, in ACS 36 (24 settembre 1926) 514-515.               
[16] Cfr. RVD, pp 3-5. Editora Salesiana Dom Bosco.
[17] RVA, art. 3º .
[18] RVA, art. 4º.
[19] Idem, art. 40.
[20] Idem, art. 7º.
[21] No artigo 16 do RVA encontram-se uma série de atividades apostólicas que os SS  CC podem realizar.
[22] Seguimos o pensamento do Padre Reinoso em seu artigo: IL NUOVO VOLTO DEL COOPERATORE SALESIANO SECONDO IL RVA.
4 Reg. de  Dom Bosco III.

[24] «Qui suis-je? Je suis salésien coopérateur de don  Bosco», dépliant (Paris, ed. Com Bosco) 1997. Apud Desramaut, op. cit, p. 184.